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Câmara intima o Pentágono

Deputados de oposição que comandam a investigação sobre possível impeachment de Donald Trump dão prazo ao Departamento de Defesa para que entregue documentos sobre ajuda à Ucrânia

postado em 08/10/2019 04:14
Adesivo que pede o afastamento do presidente afixado em placa diante da Suprema Corte: inquérito pressiona a Casa Branca
Depois da Casa Branca e do Departamento de Estado, ontem foi a vez de o Departamento de Defesa ser intimado a entregar ao Congresso os documentos relativos às tratativas do presidente Donald Trump com o colega da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que ele investigasse possíveis informações comprometedoras sobre atividades do ex-vice-presidente Joe Biden, um dos pretendentes à candidatura da oposição democrata na eleição presidencial de 2020. A intimação foi feita pelos três comitês da Câmara dos Deputados, que tem maioria oposicionista, empenhados em um inquérito que poderá resultar em pedido de impeachment contra o presidente.

Os congressistas procuram levantar informações que corroborem a acusação feita por um delator, identificado apenas como agente de inteligência lotado na Casa Branca, segundo as quais Trump teria pressionado Zelensky durante um telefonema, no fim de julho. Ele teria condicionado à colaboração do presidente ucraniano a confirmação de um pacote de ajuda militar americana. A intimação entregue ao Pentágono dá prazo até o próximo dia 15 para a entrega da documentação requerida.

;A citação exige documentos necessários para o exame das razões por trás da decisão da Casa Branca de reter assistência militar crucial à Ucrânia, aprovada pelo Congresso para combater a agressão russa;, diz o comunicação oficial endereçada ao secretário Mark Esper pelos deputados democratas que presidem os comitês de Relações Exteriores, Inteligência e Supervisão. O descumprimento do prazo, advertem, ;constituirá evidência de obstrução à investigação de julgamento político (do presidente);.

Desde que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, determinou a abertura do inquérito, os congressistas já receberam as gravações originais e transcrições da conversa telefônica entre Trump e Zelensky. Em depoimento, porém, o delator sustentou que a Casa Branca teria tentado restringir o acesso às fitas, armazenadas em um sistema de computadores destinado especificamente a registros classificados como sigilosos ; como os que se referem a operações encobertas no exterior. Na semana passada, novas intimações foram expedidas para a Casa Branca e para o secretário de Estado, Mike Pompeo, que classificou a medida como ;assédio;.

Depoimentos
Nos próximos dias, as atenções dos comitês que investigam Trump se concentrarão nas mensagens de texto trocadas entre diplomatas que discutiram os esforços do presidente para pressionar o colega ucraniano. Hoje, deve ser ouvido um dos emissários dos EUA perante a União Europeia, Gordon Sondland, um dos principais doadores para a campanha do republicano à Presidência, em 2016. Na sexta-feira será a vez da ex-embaixadora em Kiev Marie Yovanovitch, afastada do posto em maio por ter resistido às pressões da Casa Branca por informações comprometedores sobre Joe Biden e o filho Hunter, que atuou em uma grande empresa ucraniana do setor energético.

As expectativas da imprensa se voltam também para a revelação de que outro agente de inteligência teria se colocado disponível para prestar depoimento sobre o caso. A existência do segundo delator foi comunicada pelo advogado Mark Zaid, cujo escritório representa o primeiro denunciante. A identidade de ambos é mantida sob sigilo, e os democratas que encabeçam os comitês estudam a possibilidade de que eles sejam preservados inclusive dos deputados governistas que integram os painéis.


Campeão
de audiência


A rede de tevê CBS vai produzir uma minissérie inspirada nas memórias do ex-diretor do FBI (polícia federal dos EUA) James Comey, demitido por Donald Trump em 2017 e um crítico ácido do presidente. Publicado em abril de 2018, Uma lealdade superior: verdade, mentiras e liderança (em tradução literal) foi um dos primeiros livros a expor o interior do governo Trump. O comediante irlandês Brendan Gleeson interpretará o magnata dos imóveis que conquistou a Casa Branca em 2016 e disputará a reeleição em 2020. Comey, 58 anos, retrata o presidente como desonesto e egocêntrico e compara seus métodos aos de um chefe a máfia. O livro já vendeu mais de 1 milhão de exemplares nos EUA.

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