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Sensor ajuda a acompanhar o tratamento de tuberculose

Correio Braziliense
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postado em 11/10/2019 04:15
Mais de 8% dos pacientes largam o tratamento: controle em tempo real
A adesão ao tratamento da tuberculose é um dos principais desafios no enfrentamento da doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 8,6% dos pacientes abandonam a terapia medicamentosa, que dura, em média, seis meses. Uma tecnologia desenvolvida por cientistas dos Estados Unidos poderá ajudar a resolver esse obstáculo. A equipe criou um sensor ingerível que permite que médicos monitorem remotamente a ingestão de medicamentos por pacientes.

Apresentado na revista PLOS Medicine, o pequeno sensor é baseado em um sistema wirelessly observed therapy (terapia sem fio observada, ou WOT, na sigla em inglês). Ele tem o tamanho de uma pílula e transmite os níveis de medicação via bluetooth. Assim, o médico pode acompanhar em tempo real a ingestão de medicamentos usando um aplicativo de smartphone.

Em um estudo com 77 voluntários na Califórnia, a equipe detectou que 93% dos pacientes que usaram o sensor tomaram as doses diárias do tratamento. A taxa para quem não engoliu o WOT foi de 63%. Os voluntários estavam com a doença em um estágio ativo e foram tratados com uma das combinações mais prescritas de medicamento: isoniazida e rifampicina.

Sara Browne, professora de medicina clínica da Universidade da Califórnia em San Diego e líder do estudo, frisa que o resultado do experimento mostra que o sensor médico poderá contribuir significativamente para o combate à tuberculose, considerada uma das doenças mais letais do mundo. ;Se levamos a sério a erradicação da tuberculose, precisamos acertar algumas coisas fundamentais, como o aumento do apoio ao atendimento ao paciente, pois isso os ajuda eficientemente a concluírem todo o tratamento.;

A baixa adesão à terapia médica é normalmente associada à transmissão contínua e ao surgimento de cepas da doença resistentes a medicamentos. A OMS estima que, em 2017, 558 mil pessoas tenham desenvolvido uma doença resistente a pelo menos a rifampicina ; o fármaco de primeira linha contra a tuberculose mais eficaz. A agência das Nações Unidas calcula que apenas de 2% a 5% dos casos de multirresistência são corretamente diagnosticados e tratados.

Vulneráveis
No mesmo ano, 10 milhões de pessoas foram diagnosticados com tuberculose e 1,6 milhão morreram, segundo a OMS. A maioria dos mortos vivia em países em desenvolvimento, liderados pela Índia. Para Mark Cotton, professor de pediatria e saúde infantil na Universidade Stellenbosch, ter um recurso tecnológico que melhore a assistência à população pode ter um efeito significativo nas taxas de óbito das áreas mais sensíveis.

;Precisamos avaliar urgentemente a aplicabilidade do WOT em países de alta prevalência, como Índia e África do Sul, onde as taxas de adesão (ao tratamento) são geralmente baixas devido a barreiras geográficas, estigma e pobreza. O WOT poderia ser um salva-vidas para milhões de pessoas;, justifica.


1,6
milhão
de pessoas morreram, em 2017, em decorrência da tuberculose, segundo a OMS

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