O presidente do Equador, Lenín Moreno, ordenou neste sábado (12/10) o "toque de recolher e a militarização" de Quito e arredores devido à violência nas manifestações iniciadas há 11 dias contra reformas econômicas pactuadas por seu governo e o FMI.
A medida "começará a vigorar" neste sábado a partir das 15h00 locais (17h00 de Brasília). "Isto facilitará a atuação da força política frente aos desmandos intoleráveis de violência", declarou o presidente no Twitter.
Manifestações
Manifestantes encapuzados atearam fogo e saquearam o prédio da Controladoria no norte de Quito neste sábado, em meio a protestos violentos que se completam 11 dias contra ajustes econômicos acordados pelo governo equatoriano com o FMI, observou um fotógrafo da AFP.
A sede foi atacada com bombas incendiárias e logo após um grupo de homens, a maioria deles com o rosto coberto ou usando capacete, invadiu a sede.
A ministra do Governo (Interior), Maria Paula Romo, anunciou no Twitter a desocupação da área, onde há tumultos por medidas econômicas, para que as equipes de resgate possam dar conta do incêndio e do pessoal que está dentro do edifício.
Romo acrescentou que a polícia prendeu "30 pessoas que apostaram no terraço da Controladoria" e que os agentes estavam checando o resto do prédio, na frente do qual os manifestantes indígenas ergueram barricadas de onde colidem com a força pública.
Na segunda-feira, quando os indígenas começaram a chegar em Quito para protestar contra os ajustes acordados pelo governo com o FMI, os manifestantes tentaram atacar a sede do Parlamento e da Controladoria. No dia seguinte, o Legislativo foi brevemente ocupado.
Mais ao norte de Quito, milhares de mulheres, incluindo indígenas, marcharam neste sábado como parte dos novos protestos e surtos de violência contra a eliminação de subsídios e o consequente aumento de preços em até 123% dos combustíveis.
O movimento indígena que se mobiliza no Equador anunciou, neste sábado, que apoiará o "diálogo direto" proposto pelo presidente Lenín Moreno, visando a negociar uma saída para a crise deflagrada pelos ajustes econômicos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Depois de um processo de consulta com as comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais, decidimos participar do diálogo direto" com Moreno, afirmou a Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie), em um comunicado.
O governo de Lenín Moreno enfrenta sua maior crise devido aos ajustes econômicos que impôs em troca de empréstimos de 4,2 bilhões de dólares que contratou com o FMI para aliviar o pesado déficit fiscal que culpa o desperdício, o endividamento e a corrupção do governo de seu antecessor e exaltado Rafael Correa (2007-2017).
O destacamento militar e a medida de exceção foram insuficientes para conter a crise, a mais grave desde a queda do então presidente Lucio Gutierrez em 2005.
Na última terça-feira houve violentos confrontos. Um grupo de povos indígenas conseguiu ocupar o Legislativo antes de serem despejados pela polícia.
Moreno culpa seu antecessor e ex-aliado, Rafael Correa, pela agitação social. Segundo o presidente, Correa tenta derrubá-lo em aliança com o governo venezuelano de Nicolás Maduro.
Correa, que enfrenta uma ordem de prisão no Equador por um crime apontado pelo Ministério Público antes da eclosão dos protestos, negou que esteja incentivando o golpismo.