O potente tufão Hagibis tocou o solo no Japão na tarde deste sábado (12/10), e sua chegada foi precedida por chuvas torrenciais e fortíssimos ventos que provocaram a morte de pelo menos duas pessoas e a declaração de alerta máximo pelos temporais.
Por volta das 23h locais (11h de Brasília), as chuvas e as rajadas de vento pararam em Tóquio e o tufão dirigiu-se para a região nordeste do arquipélago.
Hagibis havia tocado o solo antes das 19h locais e atingiu a capital japonesa por volta das 21h, acompanhado de ventos de cerca de 200 km/h, segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA).
Na manhã de sábado, o tufão deixou um morto na região de Chiba (periferia leste de Tóquio). Trata-se de um homem, que foi encontrado em uma caminhonete que capotou, segundo os bombeiros.
Foram registrados vários deslizamentos de terra, um na região de Gunma (norte de Tóquio), que deixou outra vítima fatal, um homem de cerca de 60 anos.
A emissora de TV pública NHK mencionou mais de 80 feridos, leves na maioria.
Pelo menos seis pessoas estão desaparecidas, três delas a bordo de um veículo arrastado pela enxurrada depois da queda de uma ponte na região de Nagano (centro), confirmou à AFP uma autoridade local.
Cerca de 7,3 milhões de japoneses receberam neste sábado ordem de evacuação após ser ativado o alerta máximo de chuvas em várias regiões, uma precaução adotada em caso de risco de catástrofes.
Dezenas de milhares de pessoas seguiram a recomendação e foram para abrigos (ginásios, salões multiúso) abastecidas com rações de emergência, água e cobertores.
"Estrondo infernal"
"Fui embora porque o outro tufão arrancou o telhado da minha casa, e agora chove lá dentro. Estou muito preocupado", disse à televisão local um senhor de 93 anos, instalado em um abrigo em Chiba.
Além da chuva, à tarde, um sismo de magnitude 5,7 sacudiu a região, mas não provocou tsunami.
"Tenho 77 anos e nunca vivi isto. No andar de cima ouve-se um estrondo infernal de chuva e vento, que levantou um pedaço do telhado. A casa tremeu durante uma hora", declarou à AFP Hidetsugu Nishimura, trancado em sua casa em Yohohoma (oeste de Tóquio).
A JMA alertou para o risco de deslizamentos, ondas gigantes e inundações.
Vários rios transbordaram, como o Tama, a oeste de Tóquio, que passa por áreas densamente povoadas.
As autoridades liberaram parcialmente a água em várias represas que ameaçavam transbordar, o que aumentou o medo de inundações.
Vários alertas por transbordamentos de água foram ativados na usina nuclear Fukushima-Daiichi (nordeste), devastada por um tsunami em março de 2011, mas o operador Tokyo Electric Power não apontou nenhuma anomalia grave até o momento.
Cerca de meio milhão de lares ficaram sem energia elétrica no sábado na região de Tóquio, várias fábricas fecharam e muitos supermercados e lojas de alimentos da capital tampouco abriram no sábado.
Rúgbi e F1 afetados
O tufão também provocou o cancelamento de dois jogos do Mundial de Rúgbi previstos para o sábado (França x Inglaterra e Nova Zelândia x Itália) e de uma partida prevista para o domingo (Namíbia x Canadá), e adiou para a manhã de domingo os treinos classificatórios para o Grande Prêmio de Fórmula 1 no circuito de Suzuka.
O Hagibis também pode comprometer a partida decisiva prevista para o domingo entre Escócia e Japão. Os organizadores vão tomar uma decisão a respeito na manhã de domingo, após avaliar os danos nos estádios e na rede de transporte.
Meio metro de chuva
A JMA emitiu alerta máximo para chuvas em alguns bairros de Tóquio. Ao meio-dia, já havia determinações de evacuação voluntária para 3,25 milhões de pessoas, com atenção especial para idosos, pessoas com problemas de saúde e crianças, segundo a NHK.
Mais de 13.500 pessoas buscaram os abrigos oferecidos pelo governo. A maioria delas teve suas casas parcialmente danificadas pelo tufão Faxai, que atravessou o Japão há um mês.
O tufão deixou paralisado o transporte na grande Tóquio em um fim de semana prolongado que se estende até o feriado na segunda-feira, com redes aéreas, ferroviárias e linhas de metrô suspensos neste sábado.
O Japão é atingido anualmente por cerca de 20 tufões. Antes do Hagibis, Faxai deixou pelo menos dois mortos em setembro e provocou importantes danos em Chiba. Mais de 36.000 casas foram danificadas ou destruídas e muitos lares ficaram sem luz durante semanas.