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Toque de recolher

Na tentativa de conter a onda de violência, presidente endurece o estado de exceção na capital. Medida é anunciada depois de indígenas aceitarem "diálogo direto"

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 13/10/2019 04:15
Encapuzados invadiram o prédio da Controladoria, ao norte de Quito

Após 11 dias de violentos confrontos entre forças policiais e manifestantes contrários à reforma econômica, o presidente do Equador, Lenín Moreno, ordenou ;toque de recolher e militarização; da capital e arredores. As medidas passaram a vigorar ontem, às 15h locais (17h, em Brasília), e deverão ;facilitar a atuação da força política frente aos desmandos intoleráveis de violência;, tuitou Moreno.

O presidente endureceu o estado de exceção imposto em 3 de outubro e sob o qual tinha mobilizado as Forças Armadas para garantir a ordem pública. Amparado por essas faculdades especiais, que a princípio permitem restringir alguns direitos por 30 dias, Moreno já tinha disposto o toque de recolher em volta de prédios públicos de Quito.

Ainda assim, ontem, manifestantes encapuzados atearam fogo e invadiram a Controladoria. Segundo a ministra do Governo (Interior), Maria Paula Romo, 30 pessoas foram presas no terraço do prédio. Mais ao norte de Quito, milhares de mulheres, incluindo indígenas, marcharam como parte dos novos protestos contra os ajustes econômicos firmados com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que teve como consequência aumento de preços dos combustíveis em até 123%.

O grupo, que estava resistente a iniciar uma negociação com o presidente, anunciou ontem que, ;depois de um processo de consulta com as comunidades, organizações, povos, nacionalidades e organizações sociais;, decidiu ;participar do diálogo direto; com Moreno, segundo comunicado da Confederação de Nacionalidades Indígenas (Conaie). O anúncio do toque de recolher e da militarização da capital, porém, foi feito depois do aceno dos manifestantes.

Empréstimo bilionário
O governo de Lenín Moreno enfrenta sua maior crise, desencadeada devido aos ajustes econômicos que impôs em troca de empréstimos de US$ 4,2 bilhões contratados com o FMI. A medida, segundo Moreno, visa aliviar o pesado deficit fiscal herdado de seu antecessor, Rafael Correa (2007-2017). Para o presidente atual, Correa, seu ex-aliado, está orquestrando a agitação social. Correa nega estar incentivando as manifestações.

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