postado em 14/10/2019 04:15
Os solos arenosos e com poucos nutrientes da África Subsaariana desafiam os agricultores. As soluções tradicionais ; uso de mais fertilizantes e irrigação ; demandam recursos e infraestruturas de que muitos deles não dispõem. Uma nova tecnologia mostra potencial para melhorar substancialmente as colheitas na África por meio do aumento da retenção da água e do acúmulo de material orgânico.
Conhecida como tecnologia de retenção de água subterrânea (SWRT), a solução é testada no Zimbábue, e a expectativa é de que outros sete países da região também sejam beneficiados ; Angola, Botsuana, Quênia, Namíbia, Moçambique, África do Sul e Tanzânia.
A solução consiste em longas tiras de membranas de polietileno em forma de U que são instaladas abaixo e perto das zonas das raízes das culturas. Esta é a primeira vez que a SWRT é testada na África. Nessa fase, o foco dos pesquisadores é modelar cenários de adoção da técnica e estimar aumentos na produção de milho, biomassa das culturas e sequestro de carbono no solo.
Os primeiros resultados indicam que a SWRT pode aumentar a produção de milho nos oito países africanos em cerca de 50% e capturar cerca de 15 milhões de toneladas de carbono em 20 anos. ;Com essa nova tecnologia, o solo arenoso tem o potencial de liderar uma nova revolução verde;, afirma, em comunicado, George Nyamadzawo, professor da Universidade Bindura, no Zimbábue, e integrante do estudo, apresentado na revista Frontiers in Sustainable Food Systems.
Grande escala
Para os pesquisadores, se implantada e adotada em grande escala, a tecnologia poderá resolver os principais problemas enfrentados pelos agricultores da África Subsaariana, incluindo segurança alimentar e padrões irregulares de chuva, além de ajudar os países a cumprirem as metas de mitigação das mudanças climáticas.
;Em regiões áridas e semiáridas com solos pobres, as comunidades de pequenos agricultores continuam sofrendo devido à pobreza no solo. Nossa pesquisa mostra que a SWRT tem o potencial de mudar isso efetivamente, sem recorrer a remédios tradicionais e potencialmente caros;, frisa Ngonidzashe Chirinda, pesquisadora do Centro Internacional de Agricultura Tropical e coautora da pesquisa.
Também participam do estudo pesquisadores da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas, na Suécia, da Universidade de Agricultura e Tecnologia Jomo Kenyatta, no Quênia, da Universidade de Tecnologia da Península do Cabo, na África do Sul, da Universidade de Educação Científica de Bindura, no Zimbábue, e da Michigan State University, nos Estados Unidos.