Dezenas de milhares de manifestantes pró-democracia voltaram às ruas nesta segunda-feira (14) em Hong Kong para exigir o apoio da comunidade internacional, especialmente dos Estados Unidos.
"Estamos pedindo urgentemente à comunidade internacional que nos apoie, não há outra solução", disse à AFP um estudante de 24 anos, Chun, participando desta mobilização autorizada pela polícia.
Os manifestantes pedem aos legisladores americanos que votem em um texto punindo os líderes chineses, acusados de influenciar a política do território semi-autônomo.
O Hong Kong Human Rights and Democracy Act, que poderia ser votado esta semana pela Câmara de Representantes dos EUA, implicaria uma reavaliação anual do status especial que os Estados Unidos conferem a Hong Kong em termos comerciais e poderia prever sanções contra autoridades chinesas.
Um dos promotores do projeto, o senador republicano Josh Hawley, denunciou uma tendência a um "estado policial" durante uma visita de dois dias à ex-colônia britânica, palco há quatro meses de manifestações pró-democracia cada vez mais violentas.
O movimento começou em junho com a rejeição de um projeto de lei sobre extradições - agora suspenso - e depois expandiu significativamente suas reivindicações. Os manifestantes pedem maiores liberdades democráticas e uma investigação das atitudes da polícia desde o início da mobilização.
Situação crítica
"A situação é crítica", declarou nesta segunda à imprensa o senador americano Josh Hawley, que participou no domingo à noite de uma manifestação no bairro de Mongkok.
Questionado sobre o que diria quando retornasse a Washington, ele afirmou que "Hong Kong corre o risco de se tornar um Estado policial, que há um risco para o seu governo representativo e para o princípio ;Um país, dois sistemas;".
Em nome deste princípio, Hong Kong desfruta de liberdades desconhecida na China continental. Mas os manifestantes acusam Pequim de não respeitar esse princípio e de interferir cada vez mais nos assuntos da região.
O governo chinês acusa, por sua vez, a mobilização de ser alimentada por "força externas".
O presidente chinês, Xi Jinping, advertiu os partidários dos "separatismo" que terão os "corpos esmagados"", em um contexto de ativismo a favor da independência do Tibete e após quatro meses de protestos em Hong Kong.
Ele fez o alerta durante uma visita no fim de semana ao Nepal, de acordo com um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores.
"Qualquer um que tentar separar qualquer região da China vai perecer, com seus corpos esmagados e ossos transformados em pós", disse Xi, segundo o ministério.
"Qualquer força exterior que apoiar a divisão da China só pode ser considerada delirante pelo povo chinês", acrescentou em uma reunião com o primeiro-ministro nepalês, K.P. Sharma Oli.
O governante nepalês afirmou a Xi Jinping que seu país, que tem fronteira com o Tibete (sudoeste da China), "não permitiria a nenhuma força utilizar o território nepalês para executar atividades separatistas anti-China", afirma o comunicado do ministério.
Quase 20 mil tibetanos vivem no Nepal. Mas por pressão de Pequim, o atual governo comunista nepalês adota uma posição rígida contra suas atividades no país.
Xi não mencionou diretamente nenhuma região, mas os comentários foram feitos após novos confrontos em Hong Kong entre policiais e manifestantes contrários ao governo de Pequim.
A China afirma que "forças externas" alimentam os protestos em Hong Kong, uma região semiautônoma cujos cidadãos gozam, em tese até 2047, de liberdades que não existem no restante da China.
Ao mesmo tempo, Pequim endureceu a posição a respeito de Taiwan, desde que Tsai Ing-wen foi eleita presidente em 2016, já que seu governo se nega a reconhecer que a ilha é parte de "uma única China".
Taiwan é uma região autônoma desde 1949, mas a China considera a ilha como parte inseparável de seu território e está disposta a recuperá-la.