postado em 15/10/2019 04:16
A rainha Elizabeth II abriu ontem as sessões do parlamento britânico com um discurso no qual definiu a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) ; o Brexit ; como a tarefa principal do gabinete encabeçado pelo primeiro-ministro Boris Johnson. Os deputados voltaram a se reunir, após uma semana de recesso, a três dias do início de uma reunião de cúpula em que os chefes de Estado e de governo do bloco devem se pronunciar sobre o acordo que funcionários de ambos os lados tentam alcançar para a separação, prevista para se tornar efetiva no próximo dia 31.
;A prioridade de meu governo sempre foi assegurar a saída da União Europeia em 31 de outubro;, disse a monarca na tradicional solenidade celebrada na Câmara dos Lordes. ;O governo tem a intenção de trabalhar para uma nova associação com a UE, baseada no livre-comércio e na cooperação amistosa;, completou, lendo as palavras escritas pelo chefe do Executivo.
Equipes de Londres e Bruxelas estão imersas em uma frenética maratona de negociações, no esforlo de concluir um acordo para o ;divórcio;. O principal desafio é encontrar uma fórmula capaz de impedir o restabelecimento de uma fronteira ;dura; entre a Irlanda do Norte, território britânico, e a República da Irlanda, que permanece na UE. O tema é considerado crucial para preservar o acordo de paz que pôs fim a décadas de conflito armado entre os norte-irlandeses católicos (partidários da independência) e os protestantes (pró-britânicos).
O premiê Boris Johnson assumiu em julho a liderança do Partido Conservador ; e a chefia do governo ; sob a promessa de concluir o Brexit na data prevista, após dois adiamentos pedidos pela antecessora, Theresa May, que não conseguiu aprovação do parlamento para o acordo negociado com a UE. Johnson, que chegou a dizer que preferia ;estar morto e enterrado numa vala; a adiar uma vez mais a separação, reafirmou a determinação no discurso que pronunciou após a fala da rainha. ;Não posso acreditar plenamente que seja este o caminho certo para o país;, reiterou.
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, respondeu criticando o que chamou de ;farsa de um Executivo que define uma agenda legislativa que sabe que não pode ser aprovada no parlamento;. Uma lei aprovada pela Câmara dos Comuns obriga o governo a pedir novo adiamento, caso não tenha um acordo aprovado pelo parlamento até o próximo sábado, mas o premiê sustenta que o país sairá da UE no dia 31 ; sem acordo, se preciso. Os deputados devem ser convocados a uma sessão extrordinária, no sábado, para decidir sobre o impasse.
O discurso da rainha é uma tradição política britânica no início de cada legislatura ou quando há mudança de gabinete, como ocorreu após a renúncia de Theresa May e a escolha de Johnson para substituí-la.
;O governo tem a intenção de trabalhar para uma nova associação com
a UE, baseada no livre-comércio e na cooperação amistosa;
Rainha Elizabeth II