postado em 15/10/2019 04:16
Diante de um cordão de isolamento feito pela Polícia Nacional da Espanha, no saguão do Aeroporto Internacional El Prat, em Barcelona, centenas de manifestantes entoaram Els segadors, o hino catalão: ;Catalunya, comtat gran. Qui t;ha vist tan rica i plena? Ara el rei, Nostre Senyor declarada ens té la guerra; (;Catalunha, grande condado. Quem te viu tão rica e cheia? Agora o rei, Nosso Senhor, declarou que temos guerra;, pela tradução livre;). O protesto contra a decisão do Tribunal Supremo de emitir sentenças de nove a 13 anos de prisão a 12 líderes independentistas catalães levou o caos ao aeroporto, com o cancelamento de 110 voos dos 1.066 programados para ontem.
;Hoje, fomos um tsunami. Faremos de cada mobilização uma vitória. Começamos um ciclo de desobediência civil não violenta. Damos a ação por finalizada com êxito e os objetivos alcançados. Amanhã (hoje), anunciaremos um novo desafio;, afirmou a Tsunami Democràtic, a principal plataforma organizadora de protestos na Catalunha. Até o fechamento desta edição, o Sistema de Emergências Médicas de Barcelona tinha prestado atendimento a 56 feridos.
O ex-vice-presidente regional catalão Oriol Junqueras recebeu uma pena de 13 anos de prisão, a maior sentença. Os magistrados descartaram a acusação de rebelião apresentada pela Promotoria, que tinha solicitado 25 anos de prisão para Junqueras, líder do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), principal acusado no julgamento histórico, na ausência do ex-presidente catalão Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica. Puigdemont também comentou a decisão da Corte, por meio de seu perfil no Twitter. ;Cem anos de prisão no total. Uma barbaridade. Agora, mais do que nunca, ao lado de vocês e de suas famílias. Temos que reagir, como nunca;, defendeu. Depois da divulgação das sentenças, a Justiça de Madri emitiu um segundo novo mandato de prisão internacional contra Puigdemont.
Em carta escrita na prisão, Junqueras prometeu que o movimento voltará mais forte. ;Diante daqueles que são movidos apenas pela vontade de provocar dano, dizemos que hoje não termina nada, nem vencem nem convencem (...) Voltaremos e voltaremos mais fortes (...) Não tenham nenhuma dúvida, voltaremos e venceremos;, destacou. Outros oito independentistas, alguns deles detidos há quase dois anos, receberam penas de nove a 12 anos de prisão por sedição e, em alguns casos, por fraude.
Referendo
Os condenados são a ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell; o ex-presidente e presidente das influentes associações independentistas ANC e Omnium Cultural, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, respectivamente; e cinco ex-ministros regionais. Três ex-integrantes do governo catalão de Puigdemont, que estavam em liberdade condicional, foram condenados apenas a multas, pelo delito de desobediência.
Os 12 independentistas acabaram julgados pela organização, em 1; de outubro de 2017, de um referendo de autodeterminação considerado ilegal pela Justiça espanhola, marcado por imagens de violência policial, e pela proclamação, no dia 27 do mesmo mês, pelo Parlamento regional de uma ;República catalã;, algo que nunca se concretizou. A tentativa de secessão de Catalunha, uma região de 7,5 milhões de habitantes, significou a pior crise política na Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco em 1975.