postado em 15/10/2019 04:16
A poluição pode ser uma das culpadas pelos abortos espontâneos em mulheres chinesas. Um estudo publicado ontem na revista Nature Sustainability mostrou que a exposição a materiais como o dióxido de enxofre foi associada a um risco maior de aborto espontâneo detectado no primeiro trimestre de gravidez, na China. Os cientistas acreditam que os dados servem como mais uma advertência para a necessidade de combater a poluição.
Estudos anteriores tinham mostrado uma correlação entre as complicações da gravidez, mas a nova pesquisa aborda uma consequência da poluição que era pouco investigada. No trabalho, cientistas de quatro universidades e da Academia Chinesa de Ciências acompanharam a gravidez de mais de 250 mulheres em Pequim, entre 2009 e 2017. Desse total, 17.497 sofreram abortos. Os pesquisadores usaram medições de estações de monitoramento do ar próximas às casas e locais de trabalho das mulheres analisadas para medir a exposição à poluição. O estudo constatou que a exposição a altos níveis de partículas no ar de dióxido de enxofre, ozônio e monóxido de carbono, entre outras substâncias tóxicas, foi ligada a um risco maior de aborto espontâneo não detectado no primeiro trimestre de gravidez.
Motivação
Para os autores do estudo, os dados reforçam a necessidade de combate a poluição. ;A China é uma sociedade em envelhecimento, e nosso estudo produz uma motivação adicional para o país reduzir a poluição do ambiente: um aumento da taxa de natalidade;, destacaram os autores no artigo. Os níveis de poluição na capital da China caíram nos últimos anos, mas os índices atuais de PM2,5 ; pequenas partículas que podem penetrar profundamente nos pulmões ; em Pequim ainda são quatro vezes maiores do que os recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
;Os autores do artigo tiveram a vantagem de realizar o estudo em Pequim, local com uma ampla gama de níveis de poluição e onde os níveis diminuíram com o tempo;, disse à agência France-Presse (AFP) Shaun Brennecke, professor do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade de Melbourne. ;Os dados são consistentes com outros estudos sobre poluição do ar e aborto espontâneo e também com outros trabalhos que relacionam as taxas de poluentes aos partos prematuros;, complementou o especialista.