Agência France-Presse
postado em 18/10/2019 17:26
[FOTO1]O primeiro-ministro britânico Boris Johnson iniciou uma campanha de persuasão para convencer os deputados mais recalcitrantes a apoiar o novo acordo do Brexit antes de uma votação histórica no Parlamento neste sábado. Determinado a tirar seu país da União Europeia (UE) em 31 de outubro, o primeiro ministro britânico se declarou "confiante de que este excelente acordo" será aprovado durante uma sessão excepcional em Westminster, a primeira a ser realizada em um sábado desde a Guerra das Malvinas, há 37 anos.
"Não há acordo melhor do que o que defenderei amanhã (sábado). É um acordo fantástico para todo o Reino Unido", disse Johnson à emissora de televisão BBC.
Em entrevista coletiva em Bruxelas, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que "quem não levou a sério (Boris Johnson) se equivocou.
A tarefa é considerada difícil e o premiê deve lutar por cada voto.
Na quinta-feira, Johnson multiplicou os telefonemas para os deputados, de acordo com Downing Street, e deve continuar sua campanha de persuasão nesta sexta-feira.
O governo conservador tem apenas 288 deputados em uma maioria absoluta de 320 cadeiras na Câmara dos Comuns, onde a ex-primeira-ministra Theresa May falhou três vezes em sua tentativa de adotar seu contrato de divórcio, antes de jogar a toalha .
Os partidos de oposição já alertaram que votarão contra o acordo. O Partido Trabalhista argumenta uma possível deterioração dos direitos dos trabalhadores e das leis ambientais após o Brexit.
O partido DUP, principal aliado do executivo de Westminster, se opõe ao acordo, que, em sua opinião, quebra a integridade do Reino Unido, fornecendo um tratamento diferente para a Irlanda do Norte.
O DUP tem apenas 10 cadeiras no Comuns, mas sua luz verde poderá convencer as poucas dezenas de apoiadores de um Brexit duro do Partido Conservador, cuja posição é desconhecida.
- "Estúpido" -
Na mira de Boris Johnson, estão os defensores de um Brexit sem acordo, assim como deputados trabalhistas que representam eleitores favoráveis à saída do bloco.
A imprensa britânica dedicou suas manchetes desta sexta-feira a esta questão. "Sejam realistas, aceitem o acordo", afirma a manchete do tablóide eurocético The Sun, enquanto o Times estimou que é "estupidez" rejeitar o acordo.
Um fracasso de Boris Johnson no Parlamento prolongará a grande incerteza em que o Reino Unido ficou atolado desde a aprovação do Brexit no referendo de junho de 2016.
Johnson, que chegou ao poder com a promessa de tirar o Reino Unido da UE a qualquer preço em 31 de outubro, exclui categoricamente um novo adiamento da saída, já adiada duas vezes.
Para a oposição, a melhor solução seria consultar os britânicos novamente em um referendo.
O compromisso alcançado na quinta-feira estabelece regras aduaneiras especiais para os produtos que chegam à Irlanda do Norte - que fica sob jurisdição aduaneira britânica - no caso de passar pela Irlanda, que faz parte do mercado único europeu.
Trata-se de impedir o retorno de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte britânica e a República da Irlanda, que permanecerá membro da UE.
Em termos mais gerais, o texto estabelece as condições do divórcio, em particular no que diz respeito aos direitos dos cidadãos e aos compromissos financeiros, e introduz um período de transição até dezembro de 2020.