postado em 19/10/2019 04:05
[FOTO1]O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, relutava ontem em admitir como um fracasso de sua política de segurança pública a derrota imposta às forças de segurança, na noite anterior, pela organização de narcotráfico mais poderosa do país ; o Cartel de Sinaloa, criado por Joaquín ;El Chapo; Guzmán, que cumpre sentença de prisão perpétua nos Estados Unidos. A Guarda Nacional chegou a deter brevemente Ovidio Guzmán, um dos filhos de El Chapo, mas decidiu libertá-lo depois que suas tropas foram cercadas e combatidas por um ;exército; superior, em contingente e armamentos. O governo decidiu pelo recuo diante de uma onda de violência que se espalhou rapidamente pelo estado de Sinaloa, que faz fronteira com os Estados Unidos, a partir da batalha travada na capital, Culiacán.
;A prisão de um criminoso não pode valer mais do que as vidas das pessoas. Eles tomaram essa decisão e eu a apoiei;, disse o presidente na entrevista coletiva que costuma conceder a cada manhã. ;De nenhuma maneira eu diria que a nossa estratégia (de segurança) fracasssou;, emendou Amlo, como é conhecido, pelas iniciais de seu nome. A declaração, porém, contrastou com a do secretário (ministro) da Defesa, Luis Sandoval, que admitiu que o revés sofrido pelas forças de segurança foi o resultado de ;uma operação mal planejada;. Seis horas de combates em Cuilacán deixaram um saldo de ao menos oito mortos (sete militares e um civil) e 16 feridos, segundo um primeiro balanço oficial.
Sandoval expôs também, de maneira indireta, as informações desencontradas oferecidas pelo secretário da Segurança, Alfonso Durazo, a primeira autoridade a falar sobre o confuso episódio em Sinaloa. Ainda na noite de quinta-feira, ele relatou que uma patrulha da Guarda Nacional teria sido atacada quando fazia ;patrulhamento de rotina; em um bairro de Culiacán, que tem 750 mil habitantes. Ao responder ao fogo, os policiais teriam detido quatro pessoas, entre elas o filho de El Chapo. Ontem, porém, Durazo admitiu que a captura de Ovidio Guzmán tinha sido planejada, mas que a casa onde a operação se desenrolou foi cercada ;por uma força superior;.
Recuo
;A ordem de captura não chegou com o senso de oportunidade com que tinha sido concebida no planejamento da operação;, esclareceu o titular da Segurança. Diante do pânico vivido pela população em diferentes pontos da cidade, o governo federal decidiu interromper a ofensiva e libertar o filho do chefe histórico do Cartel de Sinaloa. ;Se ontem demos uma versão diferente, foi porque contávamos com outras informações;, desculpou-se. Durazo negou, porém, que tenha havido qualquer entendimento com os traficantes. ;O governo não negocia com nenhuma organização criminosa;, garantiu.
El Chapo Guzmán, considerado o narctraficante mais poderoso do mundo, fugiu por duas vezes de prisões de segurança máxima, em 2001 e 2015, até ser capturado novamente em janeiro de 2016. Um ano depois, foi extraditado para os EUA, onde foi condenado em julho último.
"A prisão de um criminoso não pode valer mais do que a vida das pessoas;
Andrés Manuel López Obrador, residente do México