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Chances de mudar a prática clínica

postado em 20/10/2019 04:06

Dois outros estudos apresentados recentemente, no Congresso Esmo 2019, demonstraram benefícios de novos tratamentos para pacientes de câncer de mama. Para mulheres com a doença avançada ou metastática do subgrupo HR+/HER2, o mais comum nessas condições, a combinação de um inibidor das enzimas CDK4 e CDK6 associado à substância fulvestrante melhorou a sobrevida geral.

Cada pesquisa foi feita com um perfil de paciente e com um inibidor de enzimas diferente. O estudo Monarch 2 avaliou a molécula abemaciclib com o fulvestrante em mulheres com câncer de mama avançado depois de a terapia de bloqueio hormonal ter falhado. Havia participantes na pré e na pós-menopausa. Já o Monaleesa-3 investigou a ação do ribociclib com o fulvestrante como primeira ou segunda linha apenas em pacientes pós-menopausa.

Os resultados do Monaleesa-3 mostraram que tanto como primeira ou segunda linha, o protocolo reduziu em 28% o risco de progressão da doença ou de morte, comparado ao grupo placebo, que recebeu apenas a quimioterapia. Esses benefícios foram vistos em mulheres não tratadas previamente com terapia hormonal ou naquelas que se tornaram resistentes ao bloqueio hormonal.

;Esse é um resultado significativo e com potencial de mudar a prática clínica. Estamos dizendo agora que pacientes com câncer de mama avançado terão um benefício na sobrevida geral mesmo se não tiverem passado pelo bloqueio hormonal quando começaram a apresentar metástases;, diz Denni Slamon, pesquisador da Universidade da Califórnia em Los Angeles e autor do estudo.

De acordo com ele, o padrão defendido até agora por muitos especialistas era primeiro tentar a terapia de bloqueio e, se o câncer voltar, adicionar algum inibidor das enzimas CDK/6. ;Nossos dados claramente mostraram que, se as pacientes na pós-menopausa receberem o inibidor logo no início, elas não só terão benefícios na sobrevida sem progressão quanto na geral.;

Combinação

O estudo Monarch-2 mostrou que pacientes com câncer de mama avançado com os biomarcadores HR e HER2- se beneficiaram da combinação do abemaclib e do fulvestrant. A pesquisa foi feita com mulheres em qualquer estágio reprodutivo, incluindo a pós-menopausa, resistentes ao bloqueio hormonal. A sobrevida geral das tratadas sob o novo protocolo foi 9,4 meses maior, comparado àquelas que receberam apenas a quimioterapia.

;A principal mensagem do nosso e de estudos similares é que os inibidores das enzimas CDK4/6 prolongam significativamente a sobrevida geral, por isso é muito razoável pensar nelas como opções padrões para pacientes com câncer de mama metastático;, observa George Sledge, da Universidade de Stanford e principal autor do Monarch-2. (PO)

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