Agência France-Presse
postado em 21/10/2019 14:33
[FOTO1]O negociador dos Estados Unidos para o Afeganistão, cujas negociações com o Talibã foram interrompidas pelo presidente Donald Trump, vai se reunir com Rússia, China e aliados europeus para encerrar a guerra no Afeganistão, informou o Departamento de Estado em nota divulgada nesta segunda-feira (21/10).
Zalmay Khalilzad partiu no domingo para Bruxelas, Paris e Moscou, para buscar "a melhor maneira de apoiar os esforços acelerados para alcançar a paz no Afeganistão", afirma a pasta no mesmo comunicado.
Em Moscou, ele se encontrará com seus colegas russos e chineses para "discutir interesses comuns para ver como fazer a guerra no Afeganistão chegar ao fim", completa o texto.
Diplomata veterano americano nascido no Afeganistão, Khalilzad liderou um ano de conversas com o Talibã para buscar um acordo que permitisse aos Estados Unidos retirar a maioria de suas tropas e encerrar sua guerra mais longa.
Trump anunciou em setembro que havia convidado líderes do Talibã a se reunir. Na sequência, após a morte de um soldado americano em um ataque deste grupo, retirou o convite e encerrou as negociações.
Apesar de não chegar a um acordo, o chefe das forças americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, general Scott Miller, lembrou nesta segunda-feira que os Estados Unidos já retiraram 2.000 soldados do Afeganistão no ano passado.
Os Estados Unidos mantêm relações tensas com a Rússia e com a China, mas Khalilzad consultou em diversas ocasiões as potências rivais e pareceu encontrar um terreno comum no Afeganistão.
A União Soviética lutou contra as guerrilhas islâmicas apoiadas pelos Estados Unidos em uma intervenção desastrosa no Afeganistão na década de 1980, enquanto a China quer evitar qualquer disseminação de extremismo.
EUA manterão soldados
Também nesta segunda-feira, acompanhado do general Miller, o secretário da Defesa dos EUA, Mark Esper, esclareceu que os afegãos não devem perceber a retirada de maneira repentina e quase total das forças americanas da Síria como um precedente do que se pode esperar no Afeganistão.
Os Estados Unidos têm um "compromisso de velha data" com o país, destacou Esper, que está no quartel-general da missão da Otan, "Resolute Support" ("Apoio Firme", em tradução livre), no Afeganistão.
À frente de uma coalizão internacional, os EUA expulsaram os talibãs do poder, em 2001.
"Todas estas coisas devem tranquilizar nossos aliados afegãos e os demais para que não interpretem mal nossas operações da semana passada na Síria e as comparem com o Afeganistão", frisou o secretário da Defesa.
Os Estados Unidos anunciaram a retirada de mil soldados do nordeste da Síria e, dias depois, a Turquia lançou uma ofensiva contra as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG). O grupo é considerado "terrorista" por Ancara, mas, até agora, vinha se beneficiando do apoio americano.
Esper reafirmou a vontade dos Estados Unidos de permanecerem no Afeganistão, onde enfrentam "uma ameaça terrorista virulenta". A fonte inicial foi (a rede) Al-Qaeda e, agora, "encontra-se nos talibãs, no ISI-K (grupo Estado Islâmico Província de Khorasan, um braço afegão do EI) e em outros grupos".