Agência France-Presse
postado em 22/10/2019 21:42
[FOTO1]Os deputados britânicos apoiaram o princípio de acordo alcançado por Boris Johnson para o Brexit, mas rejeitaram nesta terça-feira o exame acelerado do texto solicitado pelo primeiro-ministro, o que reduz as possibilidades de uma saída da UE com um acordo até 31 de outubro.Johnson obteve um aval preliminar à legislação para implementar o acordo de saída da União Europeia, que havia fechado na semana passada com Bruxelas.
Por 329 votos contra 299, os mesmos deputados que haviam rejeitado o tratado em três ocasiões durante o governo de Theresa May, aprovaram agora a análise do projeto.
Mas Johnson queria que o texto fosse votado rapidamente, em apenas três dias, para permitir a efetivação do Brexit até 31 de outubro, o que foi rejeitado pelos deputados (322 a 308 votos).
Destacando que "pela primeira vez nesta longa saga, esta Câmara (...) se uniu e aceitou um acordo", Johnson deixou o futuro do processo nas mãos da UE, devido à dificuldade de encerrar o processo até o dia 31.
O primeiro-ministro disse aos deputados que perguntará a seus sócios europeus sobre suas intenções
. "Até que tomem uma decisão, vamos suspender esta legislação"."De um modo ou de outro, sairemos da UE com este acordo que a Câmara acaba de dar seu aval", afirmou Johnson.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recomendou aos líderes do Bloco que aceitem um novo adiamento da data de saída do Reino Unido.
"Recomendo aos líderes dos 27 membros da União Europeia a aceitar a solicitação britânica de um novo adiamento da data de saída e proponho que se decida por um procedimento escrito", sem a necessidade de convocar uma cúpula, ressaltou em mensagem postada em sua conta no Twitter.
Uma reunião entre os embaixadores dos países membros da UE foi programada para a manhã desta quarta-feira para analisar a recomendação de Tusk, disse um dos diplomatas à AFP.
Mas não se trata de decidir nesta quarta-feira. Será preciso verificar se todos os países estão de acordo e se é necessária uma nova prorrogação, destacou o diplomata.
Ao defender nesta terça-feira a rápida aprovação do acordo, Johnson disse que é preciso "virar a página e permitir a este Parlamento e a este país começar a se curar" das divisões que se agravam desde que, em 2016, 52% dos britânicos optaram pelo Brexit em um referendo.
"Se o Parlamento se negar a permitir que o Brexit ocorra (...), o projeto de lei terá que ser retirado, e teremos que avançar para eleições gerais", advertiu antes da votação.
No poder há menos de três meses, Johnson tenta convocar legislativas antecipadas desde que perdeu a maioria, em setembro, após a rebelião de 21 deputados conservadores.
Para antecipar as eleições, previstas para 2022, ele precisa, porém, do apoio de dois terços dos deputados. A oposição se nega a aderir até ter certeza de que evitou um caótico Brexit sem acordo no final do mês.
"Um Brexit sem acordo nunca será uma decisão nossa", tuitou mais cedo Tusk, que consultou os líderes da UE "sobre como responder ao pedido britânico" por mais tempo.