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Trudeau vai em busca de aliados

postado em 23/10/2019 04:27
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O primeiro-ministro Justin Trudeau começa a consultar possíveis aliados para sustentar o governo no segundo mandato, conquistado na eleição de segunda-feira, mas sem a maioria parlamentar que lhe deu apoio nos últimos quatro anos. De acordo com as projeções das emissoras de tevê, o Partido Liberal, de Trudeau, deve conquistar cerca de 160 das 338 cadeiras em disputa na Câmara dos Comuns. O Partido Conservador, o principal da oposição, apostava em pesquisas que o colocavam em empate com os adversários, mas até ontem venciam em 120 distritos eleitorais.

;Os canadenses rejeitaram a divisão;, discursou o premiê para os simpatizantes reunidos no centro de Montreal. ;Os canadenses rejeitaram os cortes e a austeridade e votaram a favor de um programa progressista e de uma ação forte contra a mudança climática;, completou. Trudeau sobreviveu a uma sequência de escândalos que marcou o seu governo, mas sai das urnas enfraquecido e terá de negociar o apoio de legendas menores. Seu primeiro teste será pronunciar o Discurso do Trono, no qual o chefe do governo submete ao parlamento o seu programa.

Na avaliação do cientista político Hugo Cyr, da Universidade de Quebec (campus de Montreal), o principal candidato a se aliar com os liberais é o Novo Partido Democrata (NPD), que elegeu 25 deputados e foi considerado a ;revelação; das eleições. De acordo com Cyr, Trudeau poderia contar também com o apoio pontual dos separatistas de Quebec, região onde a maioria da população fala francês. ;Podemos colaborar com qualquer governo, desde que apresente uma proposta boa para nós;, acenou Yves-François Blanchet, líder do Bloco Quebequense, que deverá ter 32 cadeiras.

Antes mesmo do anúncio oficial dos resultados, o premiê recebeu mensagem de apoio do presidente dos Estados Unidos, vizinho e parceiro econômico essencial para o Canadá. Pelo Twitter, Donald Trump elogiou o parceiro pela ;vitória maravilhosa e duramente batalhada;, embora as relações pessoais entre os dois tenham passado por solavancos desde que o magnata chegou à Casa Branca, em 2017.

Mais velho que os rivais, Trudeau, 47 anos, terminou o mandato acumulando desgastes na imagem jovial e renovadora com a qual conquistou os canadenses em 2015. Embaraçado pela revelação tardia de que tem dupla cidadania, canadense e americana, o premiê teve também de desfazer suspeitas de que teria ordenado uma campanha contra o líder conservador, Maxime Bernier. Na campanha, Trudeau usou como trunfos a condução da economia, a política ambiental e os acordos de livre-comércio assinados com os EUA e a União Europeia.

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