postado em 25/10/2019 04:06
Afastados por uma distância de mil quilômetros, o presidente Mauricio Macri, que luta pelo segundo mandato, e o candidato da oposição peronista, Alberto Fernández, encerraram ontem a campanha para a eleição de domingo em tom semelhante, mas com perspectivas distintas. De ambos os lados, não faltaram ataques ao programa político e ao desempenho do adversário como governante. Mas, enquanto Fernández chega às urnas como favorito, tendo como companheira de chapa a ex-presidente Cristina Kirchner, Macri tenta uma virada de última hora para ao menos forçar a realização de um segundo turno, em 24 de novembro.
;Tenho o compromisso de não decepcionar vocês;, proclamou o candidato peronista diante de uma multidão de simpatizantes, na cidade litorânea de Mar del Plata. ;Sabemos o que é preciso fazer para colocar a Argentina de pé;, completou, em um discurso no qual realçou a situação econômica e social desfavorável ao fim de quatro anos de governo da direita liberal ; recessão, desemprego na casa de 10,6% e inflação acumulada de 37,7% até setembro.
Cristina, que precedeu o cabeça de chapa no palanque, exaltou o papel de Fenández como chefe de gabinete desde a presidência do falecido marido, Néstor Kirchner, a quem ela sucedeu. ;Esse projeto político devolveu a dignidade dos argentinos. Pagamos a dívida (externa) que outros contraíram;, afirnmou, para arrematar com uma provocação: ;O neoliberalismo fracassou na Argentina;.
Se a oposição escolheu uma cidade turística castigada pela crise, o presidente encerrou a campanha em Córdoba, a noroeste de Buenos Aires, como parte da estratégia traçada desde as eleições primárias de agosto, quando amargou uma desvantagem de 17 pontos para os peronistas. ;Aqui tudo começou! Aqui nasceu o movimento ;Sim, podemos;;, exclamou para a multidão, invocando o lema lançado na reta final da disputa. Em 2015, quando conquistou a Casa Rosada, Macri teve na província de Córdoba 72% dos votos, capital eleitoral decisivo para derrotar no segundo turno o rival kirchnerista, Daniel Scioli ; por 51,3% a 48,7%, na votação nacional.
Virada
Como em todos os debates e na maior parte dos discursos e das entrevistas, Macri tentou uma vez mais responsabilizar os antecessores peronistas, Néstor e Cristina Kirchner, pela situação em que encontrou o país. Disparou contra ;a arrogância e a soberba; dos adversários e proclamou: ;Basta dessa maneira de governar;. Com a popularidade atingida pelo aumento da pobreza, apontada pela oposição como efeito colateral das medidas de austeridade que implantou como contrapartida a uma ajuda de US$ 57 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI), o presidente resgatou o lema com o qual se elegeu há quatro anos. ;Não estamos enganados quando dizemos que a mudança é possível;, insistiu. ;Essa caminhada não termina hoje, aqui, mas em novembro;, completou, em referência à data do segundo turno.
Para vencer a eleição presidencial em primeiro turno, na Argentina, é necessário obter 45% dos votos, ou um mínimo de 40%, desde com vantagem superior a 10 pontos sobre o segundo colocado. Na última bateria de pesquisas, divulgada no fim da semana passada ; antes do período em que é proibida a divulgação de sondagens ;, Fernández superava ambas as exigências.