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Engenheiras do solo têm funções ameaçadas

Correio Braziliense
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postado em 25/10/2019 04:06
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As mudanças climáticas globais podem levar a alterações significativas nas comunidades de minhocas em todo o mundo, ameaçando as muitas funções que elas exercem. Esses são os dois principais resultados de um estudo publicado na Science. A pesquisa foi liderada por cientistas do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa em Biodiversidade (iDiv) e da Universidade de Leipzig. Eles reuniram 140 pesquisadores de todo o mundo para compilar o maior conjunto de dados de globais sobre minhocas, abrangendo 6.928 locais em 57 países, incluindo o Brasil.
Minhocas podem ser encontradas onde o solo não está congelado (permafrost), muito úmido, ácido ou completamente seco (deserto). Elas moldam o funcionamento dos ecossistemas. Esses invertebrados cavam buracos, misturam componentes do solo e comem restos orgânicos. Ao fazer isso, dirigem uma ampla gama de serviços ecossistêmicos, como fornecimento de nutrientes e de água doce, armazenamento de carbono, mitigação climática ou dispersão de sementes. Por essas razões, são consideradas ;engenheiros do ecossistema;. Essa importância também é refletida pela grande quantidade de biomassa que se acumula nesses animais: geralmente maior do que a de todos os mamíferos que vivem na mesma área.

Mapa global
Embora o grande impacto das minhocas nos ecossistemas e os serviços que elas prestam às pessoas sejam bem conhecidos, pouco se sabe sobre como são distribuídas em escala global, diz a primeira autora Dra. Helen Phillips, pesquisadora do Centro Alemão de Pesquisa Integrativa em Biodiversidade (iDiv) e Universidade de Leipzig (UL). ;Até agora, não fomos capazes de investigar quantitativamente os padrões globais de minhocas, pois não havia um conjunto de dados mundial;.

Os resultados desse enorme esforço mostram que os padrões de biodiversidade abaixo do solo não coincidem com os observados para os organismos que vivem acima dele. A diversidade de plantas, insetos ou aves geralmente aumenta de latitudes altas para baixas, o que significa que o número de espécies é mais alto nos trópicos. Para as minhocas, no entanto, os pesquisadores encontraram o padrão oposto. De fato, a maior diversidade desses animais foi encontrada na Europa, no nordeste dos EUA e na Nova Zelândia.

Os pesquisadores também avaliaram quais fatores ambientais influenciam o número de espécies de minhocas, bem como sua abundância e biomassa. Eles descobriram que fatores relacionados à precipitação e à temperatura tiveram os maiores efeitos. ;Concluímos que as mudanças climáticas podem causar mudanças nas comunidades de minhocas e alterar as funções e serviços que os ecossistemas fornecem. Dado o seu papel como engenheiros do ecossistema, estamos preocupados com os possíveis efeitos em cascata em outros organismos, como micróbios, insetos do solo e plantas;, afirmaram os autores.

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