Agência France-Presse
postado em 26/10/2019 12:53
[FOTO1]O Chile fez história com mobilizações pacíficas que excederam um milhão de pessoas, eclipsando as comemorações do dia em que o povo disse "não" à ditadura há três décadas, em uma demonstração de força e convicção para exigir uma sociedade mais justa.Uma maré de pessoas tomou as principais avenidas de Santiago e, no centro da Plaza Italia, gerou um cartão postal único que deverá marcar várias gerações, mostrando que os chilenos caminham constantemente em busca de mudanças no modelo econômico neoliberal instaurado por Augusto Pinochet e que se consolidou na democracia.
"Todos nós ouvimos a mensagem", disse o presidente Sebastián Piñera, através de uma mensagem breve, mas conciliatória, em sua conta no Twitter.
O magnata - que governa o Chile pela segunda vez desde março de 2018 - reconheceu a dimensão das marchas em Santiago e em outras cidades do país. "A marcha massiva, alegre e pacífica de hoje, onde os chilenos pedem um Chile mais justo e solidário, abre grandes caminhos para o futuro e a esperança", afirmou.
Piñera reagiu aos protestos, iniciados nove dias atrás em rejeição ao aumento das passagens do metrô, decretando "estado de emergência", o que levou militares às ruas e o decreto de sete toques de recolher consecutivos na capital.
Nem os militares, nem o discurso do presidente de direita diminuíram a ebulição dos cidadãos, cansados de viver no país mais estável da região, mas também um dos mais desiguais.
Com as ruas cheias de protestos e mais de 70 estações de metrô danificadas, algumas inutilizáveis, Piñera adotou um tom conciliatório e lançou uma bateria de medidas que incluem mudanças no criticado sistema de previdência privada, lançado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), prometendo um aumento de 20% para as pensões mais baixas.