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Líder do Estado Islâmico morreu após ataque na Síria, confirma Trump

Horas antes, o presidente Donald Trump disse que iria fazer, neste domingo (2710), um anúncio ''muito importante'' da Casa Branca

Agência France-Presse
postado em 27/10/2019 09:13

[FOTO1]Barisha, Síria ; O presidente americano, Donald Trump, confirmou há pouco a morte do chefe do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. Em pronunciamento na Casa Branca, o republicano afirmou que o líder islâmico morreu durante uma operação militar dos Estados Unidos na Síria.

Trump afirmou que capturar al-Baghdadi foi a prioridade máxima dos serviços de inteligência durante seu mandato. "Ele era um homem doente e depravado", disse. O presidente agradeceu o apoio da Rússia, Turquia, Síria, Iraque e dos curdos na operação.

Segundo as emissoras CNN e ABC, que citam funcionários de alto escalão, Al Bagdadi morreu em uma operação do Exército americano no nordeste da Síria. A CNN afirmou que estão sendo feitas análises para confirmar formalmente sua identidade. Já uma autoridade citada pela ABC disse que Al Bagdadi explodiu um colete e se matou.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que tem uma ampla rede de informantes no terreno, comandos americanos foram deixados de helicópteros na província de Idlib (noroeste sírio), em uma área onde estavam "grupos próximos ao EI".

"A operação tinha como alvos altos dirigentes do EI", disse a ONG. A Casa Branca anunciou, sem dar detalhes, que Trump "faria um anúncio muito importante" neste domingo às 9h locais (10h de Brasília). Pouco antes, o presidente tinha dito no Twitter: "Algo enorme acaba de acontecer".

Mazlum Abdi, chefe das Forças Democráticas Sírias (FDS), dominadas pelos combatentes curdos - aliados de Washington na luta contra o EI ;, disse no Twitter que a operação foi resultado de um trabalho "conjunto de informação com os Estados Unidos", sem confirmar, entretanto, a morte de Bagdadi.

A Turquia ; que também realizou uma ofensiva contra os curdos no norte da Síria ; afirmou neste domingo que houve uma "coordenação" e "troca de informações" entre Ancara e Washington antes da operação. Se ela for confirmada, seria a maior operação contra um dirigente jihadista desde a morte, em 2 de maior de 2011, de Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda abatido pelas forças especiais americanas no Paquistão.

;Pânico;

De acordo com o OSDH, os ataques aéreos lançados contra os extremistas deixaram nove mortos em Idlib. Oito helicópteros dispararam contra uma casa e um automóvel nos arredores de Barisha, perto de Idlib, detalhou. "Não podemos confirmar nem negar a presença de Bagdadi", afirmou o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahman.

Um morador contactado pela AFP na zona de Barisha disse ter ouvido helicópteros e ataques de aviões poucos minutos depois da meia-noite.

"Os aviões voavam a uma altura muito baixa, provocando grande pânico entre as pessoas", relatou à AFP Ahmed al Hassaui, deslocado instalado em um dos acampamentos informais perto do Barisha. Segundo ele, "a operação durou pelo menos até as 3h30" de domingo.

"Tem uma casa destruída, barracas de campanha e um veículo civil danificado, com dois mortos dentro", contou à AFP Abdelhamid, outro morador da Barisha.

Aparição pública em 2014

Abu Bakr al Bagdadi não deu sinais de vida desde uma gravação de áudio divulgada em novembro de 2016, após o início da ofensiva iraquiana para retomar Mossul, na qual pediu para seus homens lutarem até se tornarem mártires. Foi em Mossul a única aparição pública do líder do EI da qual se tem conhecimento, em julho de 2014, na mesquita Al Nuri.

Vestido de preto e com turbante, o extremista pediu para todos os muçulmanos lhe jurarem lealdade, após ser nomeado chefe do califado proclamado pelo EI nos extensos territórios que tinha conquistado no Iraque e na vizinha Síria. Bagdadi, cujo verdadeiro nome é Ibrahim Awad al Badri, teria nascido em 1971 em uma família pobre da região de Bagdá. Apaixonado por futebol, fracassou em sua tentativa de ser advogado e militar, e começou a estudar teologia.

Durante a invasão americana do Iraque em 2003, criou um pequeno grupo jihadista sem muito impacto, antes de ser detido na gigantesca prisão de Bucca. Liberado por falta de provas contra ele, se uniu a um grupo de guerrilha sunita vinculado à Al Qaeda, e liderou-o anos depois. Aproveitando o caos da guerra civil, seus combatentes se instalaram na Síria em 2013 e, de lá, lançaram uma ofensiva no Iraque.

O grupo, que mudou seu nome para Estado Islâmico, ocupou o lugar da Al Qaeda. Seus sucessos militares iniciais e a propaganda eficaz levaram milhares de pessoas a se alistarem em suas filas. O EI reivindicou diversos atentados violentos no mundo todo.

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