postado em 29/10/2019 04:15
[FOTO1]Os 27 parceiros do Reino Unido na União Europeia (UE) concordaram em adiar até 31 de janeiro a efetivação do Brexit ; o processo pelo qual o país deixará o bloco ;, mas a difícil e prolongada separação continua amarrada aos impasses políticos em Londres. O primeiro-ministro Boris Johnson, que assumiu em julho sob a promessa de consumar o divórcio até a próxima quinta-feira ; a terceira data marcada entre Londres e Bruxelas ; sofreu ontem nova derrota no parlamento, em sua tentativa de antecipar as eleições para tentar recompor a maioria do Partido Conservador.
Os 299 votos favoráveis à convocação do pleito em 12 de dezembro, como proposto por Johnson, ficaram aquém da maioria qualificada de dois terços requerida para a aprovação. O premiê anunciou prontamente que fará hoje uma nova tentativa, desta vez pelo recurso a uma medida que exigirá apenas a maioria simples. Ainda assim, dependerá de votos de duas legendas pró-europeias, o Partido Liberal Democrata e o Partido Nacional Escocês.
É na data para a eleição antecipada que se encontra a maior dificuldade no caminho do chefe de governo, empenhado em desatar o nó entre Executivo e Legislativo em torno do Brexit ; um impasse que se arrasta há mais de três anos e custou o mandato à antecessora de Johnson, Theresa May. Além dos liberal-democratas e dos nacionalistas escoceses, também o pequeno partido norte-irlandês, que é aliado dos conservadores no parlamento, se dispõe a apoiar a moção, mas desde que o pleito fique marcado para 9 de dezembro. Dessa maneira, a Câmara dos Comuns seria dissolvida antes de ter tempo para votar novamente o acordo fechado pelo premiê com a UE, um texto rejeitado na semana passada.
Outro obstáculo no caminho do premiê é a determinação do Partido Trabalhista, o maior da oposição, de impedir que o Reino Unido possa ser empurrado a deixar a UE sem um acordo aprovado pelo parlamento ; modalidade chamada de ;Brexit duro;, que Johnson nunca descartou de maneira absoluta. ;Não podemos confiar neste primeiro-ministro;, discursou ontem o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, depois de acusar o adversário de ;chantagear; o parlamento por meio de uma carta que enviou antes à UE, pedindo a garantia de que não haverá novo adiamento do Brexit além de 31 de janeiro.
No texto, endereçado ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, o chefe de governo comunica aos governos dos 27 países-membros do bloco sua intenção de antecipar as eleições, mas faz um apelo. ;Se o parlamento resistir e não aprovar a moção, quero pedir que indiquem claramente que não é possível outro adiamento;. Durante o debate em plenário, já com a nova data fixada para o Brexit, Johnson passou à ofensiva. ;Esta casa não pode mais manter o país como refém;, discursou para os deputados. ;Milhões de famílias e as empresas (britânicas) estão impedidas de planejar o futuro.;
Data flexível
A UE deve formalizar hoje ou amanhã o novo prazo para o ;divórcio;, aceito em consultas entre os governos do bloco na forma de um ;adiamento flexível;. De acordo com um esboço da resolução, obtida pela agência de notícias France-Presse, o texto permite que o Reino Unido se desligue antes de 31 de janeiro, se o parlamento concluir a ratificação do acordo fechado com Johnson. Os termos desse documento, porém, não podem ser modificados. Esse último ponto foi repisado no fim de semana pelo presidente da França, Emmanuel Macron, em contatos por telefone com o premiê britânico. ;As condições da extensão (do prazo) foram detalhadas e reforçadas, especialmente sobre o caráter não renegociável do acordo;, garantiu uma fonte diplomática de Paris.