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Outro processo contra Cristina

Justiça Federal de Buenos Aires aceita acusação à ex-presidente e vice recém-eleita por chefiar %u201Cuma organização criminosa%u201D que operava obras públicas como cartel e recebia propinas de grandes empresários

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 30/10/2019 04:06
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Dois dias depois de comemorar o retorno ao poder, como vice na chapa do perionista Alberto Fernández, a ex-presidente argentina Cristina Kirchner recebeu ontem três notícias em sua conturbada relação com a Justiça ; duas favoráveis e uma ruim. A Câmara Federal de Buenos Aires examinou três causas derivadas do escândalo conhecido como ;cadernetas da propina;, no qual Cristina é suspeita de chefiar um esquema de favorecimento de empresários em obras públicas durante o período em que ocupou a Casa Rosada, entre 2007 e 2015. Dois dos casos foram encerrados, mas os juízes confirmaram o processo em que ela é acusada de operar um esquema de cartel para obras públicas.

Com a decisão tomada pela 1; Sala da Câmara Federal de Buenos Aires, a vice-presidente eleita passa a figurar em 10 causas judiciais, das quais seis estão em fase de julgamento. Três, inclusive a examinada ontem, foram confirmadas, e uma segue sujeita a revisão. Os juízes mantiveram também o pedido de prisão preventiva da ex-presidente, protegida por imunidade na condição de senadora. A partir de 10 de dezembro, quando toma posse do novo cargo, ela passa a ser sujeita apenas a julgamento político pelo Senado, onde seu partido tem maioria. Mas, embora não tenha consequência imediata para Cristina, o noticiário expôs novamente os escândalos que a perseguem desde que deixou o governo, há quatro anos.

O caso das ;cadernetas; ganhou o nome por se basear nas anotações de um ex-motorista do Ministério do Planejamento que relatou ter feito a entrega de dinheiro em espécie para políticos e altos funcionários do governo entre 2005 ; quando era presidente Néstor Kirchner, o falecido marido de Cristina ; e 2015. Os registros do motorista Óscar Centeno, cruzados com as confissões de empresários, convenceram o juiz federal de primeira instância Claudio Bonadio da existência de ;uma organização criminosa; dedicada a receber propinas em troca de favorecimentos na concessão de obras públicas.

No caso específico da causa confirmada pela Câmara Federal, a vice eleita é acusada de dar o aval para ;um acordo prévio para a divisão de tarefas (entre empreiteiras);. Ela e o ex-ministro do Planejamento Julio de Vido, político de confiança do casal Kirchner, teriam ;claro domínio funcional; do esquema, de acordo com a resolução de 129 páginas firmada pelos juízes, à qual o jornal argentino Clarín teve acesso. O terceiro acusado é José López, alto funcionário do ministério.

Pelo conjunto das causas em que é acusada, Cristina acumula embargos de bens em valor total que supera US$ 25 milhões. No processo confirmado ontem, o juiz Bonadio determinou o congelamento de US$ 11,5 milhões.

10
Total de processos judiciais contra a vice-presidente eleita, dos quais seis estão em fase de julgamento


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