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Inundações deixarão 300 milhões em risco

Correio Braziliense
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postado em 30/10/2019 04:06
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Em 2050, cerca de 300 milhões de pessoas, moradoras de áreas costeiras, estarão vulneráveis a inundações agravadas pelas mudanças climáticas, mesmo que a humanidade comece, agora, a conter significativamente as emissões de carbono. O alerta, divulgado na edição de ontem da revista Nature Communications, detalha ainda que boa parte dos atingidos será da Ásia: mais de dois terços serão de China, Bangladesh, Índia, Vietnã, Indonésia e Tailândia.

;As mudanças climáticas têm o potencial de remodelar cidades, economias, litorais e regiões globais inteiras durante a nossa vida;, diz Scott Kulp, principal autor do estudo e cientista do Climate Central, nos Estados Unidos. Usando inteligência artificial, Kulp e colegas concluíram que a avaliação sobre até que ponto as zonas costeiras estão sujeitas a inundações durante a maré alta ou grandes tempestades era subestimada.

Ben Strauss, coautor do estudo e cientista-chefe do Climate Central, um grupo de pesquisa norte-americano, explica que não houve mudanças nas projeções do nível do mar. ;Mas quando usamos nossos novos dados de elevação, encontramos muito mais pessoas vivendo em áreas vulneráveis do que nós entendemos anteriormente;, diz. Hoje, existem mais de 100 milhões de pessoas vivendo abaixo dos níveis de maré alta, segundo o estudo.

Degelo
Vários fatores se combinam para ameaçar populações que vivem nessas regiões. Um deles é a expansão da água à medida que o clima aquece e, mais recentemente, as camadas de gelo da Groenlândia e Antártica. Juntas, elas derramaram mais de 430 bilhões de toneladas por ano na última década. Desde 2006, a linha da água subiu quase quatro milímetros por ano, um ritmo que pode aumentar 100 vezes até o século 22 se as emissões de carbono continuarem inalteradas, segundo relatório divulgado, no mês passado, pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC).

As tempestades tropicais ; tufões, ciclones ou furacões ;, amplificadas por uma atmosfera quente, também são outro fator preocupante. ;Não é preciso um grande aumento no nível do mar para levar a problemas catastróficos;, diz Bruce Glavovic, professor da Universidade Massey, na Nova Zelândia, não participante do novo estudo. O mesmo relatório do IPCC prevê que, por volta de 2050, as grandes tempestades ; que, até recentemente, ocorriam uma vez por século ; acontecerão em média uma vez por ano em muitos lugares, especialmente nos trópicos.

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