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Preocupada com intolerância, cidade alemã declara ''emergência nazista''

Vereador da cidade no leste da Alemanha apresenta resolução para tentar conter a expansão da ultradireita, proteger as minorias e fortalecer a democracia. Colegas aprovam o texto, com apelo simbólico. Medida também desperta críticas

Correio Braziliense
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postado em 03/11/2019 08:00
[FOTO1]Um vereador da cidade de Dresden, no leste da Alemanha, decidiu tomar uma medida polêmica contra o extremismo e a ultradireita. Max Aschenbach, do Die Party (O Partido), apresentou uma moção na Câmara Municipal por meio da qual ele declara ;emergência nazista; na capital da Saxônia. A resolução, aprovada pelos legisladores por 39 votos a favor e 29 contra, reconhece que ;atitudes e ações extremistas da direita (;) estão ocorrendo com crescente frequência; e pede à cidade que ajude as vítimas da violência racial, proteja as minorias e fortaleça a democracia. Dresden é considerada bastião da ultradireita e berço do Pegida, um movimento radical anti-islã que prega o ;despertar; à ameaça representada por extremistas islâmicos e insta as autoridades a combaterem a imigração. Os adversários políticos de Aschenbach o acusaram de ir longe demais.

Em entrevista à emissora britânica BBC, Aschenbach explicou que ;Nazinostand; (nome da resolução) significa que nós temos um grave problema;. ;A sociedade democrática aberta está sob ameaça;, alertou. ;Nós temos um problema em Dresden e temos de fazer algo sobre isso. (;) Os políticos devem, finalmente, começar a condenar isso ao ostracismo e dizer: ;Não, isso é inaceitável;;, acrescentou, em declaração à tevê pública local MDR. O vereador criticou os colegas de outros partidos por não tomarem iniciativas e não se posicionarem ;claramente; contra a extrema-direita. ;A moção foi uma tentativa de mudar isso. Também quis saber com que tipo de pessoas estou me reunindo na Câmara Municipal de Dresden;, disse Aschenbach.


Consequências


A resolução também insta a sociedade a manter foco ;nas causas e nas consequências do antissemitismo, do racismo e da islamofobia para restabelecer a confiança das instituições democráticas e a valorização da diversidade e da solidariedade respeitosa;. Aschenbach entende que a adoção da resolução atestou o compromisso dos vereadores em forjar ;uma sociedade democrática livre e liberal, que protege as minorias e se opõe de modo resoluto aos nazistas;.

O partido governista União Democrata Cristã (CDU) não poupou críticas à resolução e a classificou de uma ;provocação intencional;. Jan Donhauser, líder da bancada de vereadores do partido, afirmou à BBC que ;o estado de emergência indica o colapso ou ameaça grave à ordem pública;. ;Não é algo feito de maneira rudimentar. Além disso, o foco no ;extremismo de direita; não faz jus ao que precisamos. Somos os guardiões da ordem básica liberal democrática. Nenhuma violência, não importa de qual lado os extremistas estejam, é compatível com essa ordem.;

Donhauser assegurou que ;a vasta maioria dos cidadãos de Dresden não é formada nem por extremistas de direita, nem por antidemocratas;. Ele reconhece o fato de a cidade não ser obrigada a tomar qualquer medida por conta da resolução, mas acenou com a esperança de iniciativas existentes receberem prioridade mais alta, com as futuras decisões seguindo essa tendência.

Julgamento


Em 30 de setembro, um grupo neonazista suspeito de terrorismo e de encorajar uma insurreição nacional começou a ser julgado em Dresden, em meio ao temor de radicalização da extrema-direita. Oito integrantes, com entre 21 e 32 anos, da chamada Revolução Chemnitz, foram acusados formalmente de ;formar uma organização terrorista de extrema-direita; e de ;se reunir para alcançar objetivos políticos, no intuito de abalar as fundações do Estado com graves atos violentos;. O julgamento durará até abril de 2020 e contará com os depoimentos de 75 testemunhas.

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