Agência France-Presse
postado em 04/11/2019 09:50
[FOTO1]Quatro manifestantes morreram depois que a polícia abriu fogo durante um protesto diante do consulado do Irã em Kerbala, sul do Iraque, onde nesta segunda-feira (4/10) prosseguem as mobilizações contra o governo.
Os manifestantes tentaram incendiar a representação diplomática do Irã ; país vizinho e que apoia o governo do Iraque - em Kerbala, cidade sagrada xiita, visitada a cada ano por milhões de peregrinos iranianos.
Antes dos disparos, os manifestantes hastearam bandeiras iraquianas. Em um dos muros do edifício o grupo escreveu "Kerbala livre, Irã fora".
As forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, uma ação que deixou quatro mortos, segundo fontes médicas da cidade, que fica a 100 km de Bagdá.
"Querem nos matar, não dispersar, não atiram para o alto", acusou um jovem manifestante.
"Protegem o consulado de um país estrangeiro, quando nós queremos apenas que nosso país seja livre, sem nenhum outro país que o comande", completou.
Os manifestantes acusam o Irã de estar por trás do atual sistema político iraquiano, que consideram corrupto e incompetente.
Há vários dias a revolta dos manifestantes, que pedem a queda do regime, se concentra no Irã, um dos países com grande influência no Iraque, ao lado dos Estados Unidos.
Desde o início dos protestos, no mês passado, o general Qasem Soleimani, comandante das operações da Guarda Revolucionária iraniana no exterior, visitou o Iraque diversas vezes.
Em Bagdá e no sul do país várias escolas permanecem fechadas.
Em Diwaniya, a 200 km da capital, os manifestantes colocaram grandes faixas nos edifícios públicos que exibem a frase "Fechado em nome do povo".
Em Najaf, a outra cidade sagrada xiita do país, uma faixa similar apareceu na entrada do Conselho Provincial.
Os protestos começaram em 1 de outubro e desde então foram 257 mortes, de acordo com números oficiais.
Após uma pausa, as manifestações foram retomadas em 24 de outubro, agora organizadas por estudantes e sindicatos, e os protestos agora se concentram em ocupar praças em um ambiente mais festivo.
[SAIBAMAIS]Em diversos pontos do país foram organizados atos de desobediência civil e vários sindicatos declararam uma greve geral.
A estrada que leva ao porto de Um Qasr (sul), vital para as importações de alimentos, foi fechada com blocos de cimento que contém a frase "Fechado por ordem do povo".
No porto, dezenas de embarcações não foram autorizadas a entregar suas cargas.
Em Amara (sul), os manifestantes bloqueiam dois campos de petróleo administrados por empresas chinesas, o de Halfaya, o maior do país, e o de Buzurgan.
A produção de petróleo (o Iraque é o segundo maior produtor da Opep) não foi interrompida, mas vários funcionários explicaram à AFP que não conseguem entrar nas instalações.
Em Samawa, estradas e pontes foram bloqueadas, enquanto em Al Hilla e Nassiriya (sul) quase todas as instituições públicas estavam fechadas.
As autoridades decretaram toque de recolher noturno em Bagdá, mas a medida teve o efeito de aumentar o número de manifestantes na Praça Tahrir.