postado em 05/11/2019 04:06
Duas semanas de distúrbios e manifestações, desde a segunda metade de outubro, levaram as autoridades econômicas do Chile a mudar o rumo das previsões para o último período do ano. Depois de registrar em setembro um crescimento de 3% em relação ao mesmo mês de 2018, e com isso fechar o melhor trimestre deste ano, o país começa a acusar o impacto da onda de protestos mais aguda e profunda desde o retorno da democracia, em 1990.O novo ministro das Finanças, Ignacio Briones, adianta que a expectativa para o resultado de outubro é uma queda de até 0,5% no PIB, com a projeção de que o Chile feche 2019 com crescimento entre 2% e 2,2%, contra uma previsão inicial de 2,6%. ;O que esperamos para o quarto trimestre é uma situação completamente diferente, como resultado dos eventos que todos conhecemos;, comentou Briones. Ele citou vários setores ;funcionando a meia-força;, em especial as pequenas e médias empresas. ;São problemas que marcarão uma dimuinuição na atividade;, resignou-se.
Briones assumiu a pasta há uma semana, como parte da reformulação feita no ministério pelo presidente Sebastián Piñera, no esforço de oferecer à opinião pública uma reação diante da explosão social iniciada em 18 de outubro. O estopim foi um aumento nas tarifas de metrô, mas os protestos logo se estenderam ao conjunto da política econômica privatista de Piñera.
Piores que as previsões do governo são as do banco Scotiabank, que projeta para o fechamento do ano uma taxa de crescimento entre 1,5% e 1,8%, sensivelmente abaixo da média exibida pelo país nos últimos anos. Em seu relatório, a instituição também menciona ;os últimos acontecimentos;, e descarta a possibilidade de uma recuperação rápida da atividade econômica até o fim do ano.
Com 10 dias em que o comércio permaneceu praticamente parado, principalmente em Santiago, a câmara do setor na capital informou que 46% das empresas consultadas sofreram prejuízos diretos, alta de custos e redução expressiva do faturamento. Também o turismo se ressentiu com o cancelamento de duas reuniões internacionais que o Chile receberia. Apenas uma delas, a cúpula ambiental COP-25, da ONU, teria 25 mil delegados estrangeiros, e a suspensão terá um custo avaliado em US$ 40 milhões.