postado em 06/11/2019 04:15
[FOTO1]Uma chacina com requintes de crueldade contra mórmons de dupla nacionalidade norte-americana e mexicana levou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a intensificar a pressão sobre o México para combater o narcotráfico. ;É hora de o México, com a ajuda dos EUA, se encampar em uma guerra contra os cartéis de drogas e varrê-los da face da Terra. Aguardamos apenas o telefonema de seu grande presidente (Andrés Manuel López Obrador);, escreveu Trump em seu perfil no Twitter.
Três mulheres e seis crianças, todas da família LeBarón, foram mortas na tarde de segunda-feira por homens armados que dispararam contra a camionete em que viajavam. Entre as vítimas, estão uma mãe e quatro filhos, dois deles gêmeos de 8 anos. Outra criança, de 13 anos, salvou os irmãos, escondendo-os em um arbusto, e caminhou por 22km em busca de ajuda. ;Se o México precisar ou pedir ajuda para se livrar desses monstros, os Estados Unidos estão prontos, dispostos e capazes de se envolver para fazer o trabalho de maneira limpa e eficaz;, avisou Trump. López Obrador se distanciou da confrontação armada e se dispôs a conversar com a Casa Branca sobre o tema.
Professor da Universidade de Texas em Austin (EUA), o mexicano Hector Dominguez-Ruvalcaba explicou ao Correio que a família LeBarón tinha um histórico de luta contra a violência. ;Depois de terem integrantes desaparecidos e assassinados, eles demandaram do governo mexicano mais investigações e proteção no estado de Chihuahua, onde as autoridades detêm pouco poder frente ao crime organizado;, comentou. Ele acredita que o massacre não foi um acidente, mas um ato de vingança. ;Há muitos anos, os LeBarón vinham denunciando os abusos dos criminosos e das forças de segurança, inclusive a corrupção de policiais e soldados. A reação inicial de Trump foi aproveitar o fato para defender uma intervenção no México e enviar armas. Isso não foi bem-recebido nem pelo governo nem por grande parte da população mexicana;, acrescentou.
A chacina foi o segundo golpe sofrido pelo governo de López Obrador, criticado após a libertação de Ovídio Guzmán, cuja prisão semeou o caos na cidade de Culiacán e obrigou o governo a rever a medida. ;Os EUA pressionam o México a seguir com essa política de deter os líderes dos cartéis e extraditá-los. López Obrador pretende se distanciar da política norte-americana e adotar uma abordagem mais socialista, reduzindo as desigualdades econômicas;, disse Dominguez-Ruvalcaba. Por sua vez, o mexicano Vicente Sánchez Munguia, professor do Colegio de la Frontera Norte (em Tijuana), entende que o trágico destino dos LeBarón deverá pressionar o México a exercer mais controle territorial e enfrentar a violência. ;Há, e haverá, muita pressão pelo impacto desse homicídio na opinião pública dos EUA, além do fato de se tratarem de pessoas com dupla nacionalidade e do perfil das vítimas (mulheres e crianças);, afirmou à reportagem. (RC)
Eu acho...
;Donald Trump necessita de apoio no momento em que está prestes a ser submetido a um julgamento político. Qualquer coisa que ocorrer com o México servirá para Trump como apoio à ideia do muro na fronteira e sua suposta luta contra o narcotráfico. Não será fácil que os mexicanos aceitem uma intervenção norte-americana, muito menos em um governo de esquerda e nacionalista como o de Andrés Manuel López Obrador.;
Hector Dominguez-Ruvalcaba, professor da Universidade de Texas em Austin (EUA)