Agência France-Presse
postado em 06/11/2019 10:36
[FOTO1]Os presidentes da China, Xi Jinping, e da França, Emmanuel Macron, reafirmaram nesta quarta-feira (6/11) em Pequim seu "firme apoio" ao acordo de Paris sobre o clima, exibindo sua unidade ante os Estados Unidos de Donald Trump, que acaba de oficializar sua retirada do tratado.
Após lamentarem a decisão de Washington, Xi e Macron afirmaram que o acordo assinado em 2015 para lutar contra a mudança climática abria um "processo irreversível", segundo uma declaração comum publicada ao final de uma entrevista no último dia da visita do presidente francês a China.
"Porque quando a China, a União Europeia e a Rússia (que ratificou há algumas semanas o acordo) se comprometem com seriedade, a opção isolada de um país ou de outro não basta para mudar a direção do mundo. Só contribui para isolá-lo", disse Macron, sem citar os Estados Unidos.
Ao contrário do isolacionismo de Trump, os mandatários chinês e francês destacaram além disso sua "firme vontade de melhorar a cooperação internacional sobre as mudanças climáticas para garantir a execução total e eficaz do Acordo de Paris".
Para isso querem que se "respeite o multilateralismo" e "dar um impulso político à cooperação internacional".
Ambos os presidentes formalizaram seu acordo em um "Chamado de Pequim para a conservação da biodiversidade e a mudança climática", publicado após uma entrevista no Palácio do povo da capital chinesa.
No plano político, o delicado tema de Hong Kong foi "obviamente tratado várias vezes com o presidente Xi Jinping", afirmou Macron em sua coletiva de imprensa final na China. Antes de sua chegada, o governo chinês havia advertido de que Hong Kong é um assunto interno e não pode ser alvo de conversas diplomáticas com a França.
Megacontrato nuclear
O presidente francês, que prometeu viajar para a China todos os anos, insistiu várias vezes durante sua visita na necessidade de dar uma dimensão mais europeia à relação com Pequim.
[SAIBAMAIS]O objetivo é ter um maior peso continental para um país como França, de 65 milhões de habitantes, ante um gigante de 1,4 bilhão de pessoas que dispõe de meios colossais e se converteu na segunda economia mundial.
Mas no âmbito bilateral Paris e Pequim se comprometeram nesta quarta-feira a assinar antes do fim de janeiro o acordo final para a construção na China de uma fábrica de tratamento de combustíveis nucleares usados, um projeto de mais de dez anos em mãos do grupo francês Orano (ex-Areva).
A visita de Macron a China permitiu a assinatura de uma série de acordos comerciais - nos setores energético, agroalimentar, aeronáutico, entre outros - em um valor total de 15,1 bilhões de dólares, segundo fontes chinesas, não confirmadas do lado francês.
Cultura e Asterix
A visita do presidente francês também teve sua vertente de cooperação cultural, com a inauguração em Xangai de uma filial do Centro Pompidou, pela primeira vez fora da Europa.
Na delegação francesa estava o ator e diretor de cinema Guillaume Canet, que buscava autorização para filmar seu novo longa-metragem sobre Asterix ao pé da Grande Muralha.
"Asterix vai conhecer as Rotas da Seda (gigantesco plano chinês de expansão e cooperação internacional) e permitirá que compartilhemos nossos populares acervos imaginários", comemorou Macron.