postado em 07/11/2019 04:15
[FOTO1]O líder opositor boliviano Luis Fernando Camacho pretende desafiar novamente o presidente Evo Morales e chegar à capital para entregar uma carta de renúncia, na esperança de que ele a assine. La Paz estava ontem com bloqueios nas ruas da zona sul, onde vivem as classes média alta e alta, assim como em vias do centro, a poucas quadras da sede do governo, na terceira semana de protestos contra a questionada reeleição de Morales nas eleições de 20 de outubro. Ativistas da oposição ocuparam prédios públicos no sul de La Paz, enquanto em Cochabamba (centro) houve violentos confrontos entre simpatizantes e adversários de Morales, de acordo com a imprensa local.
Ontem, o presidente comandou, no Lago Titicaca, o ato do 193; aniversário da Armada boliviana, onde declarou que os militares devem ;prestar serviço ao povo boliviano;. ;As Forças Armadas sempre têm que garantir a soberania do povo boliviano, à margem do papel constitucional de garantir o território nacional;, declarou Morales, em uma aparente resposta a Camacho, que no sábado pediu aos militares que fiquem do lado da oposição nessa crise política. Os militares se mantiveram à margem da controvérsia eleitoral.
Em La Paz, crescia ontem a tensão pela iminente chegada de Camacho de seu reduto de Santa Cruz (900km a leste), a cidade mais rica da Bolívia. O líder cívico prometeu chegar à capital ;todos os dias; até que Morales assine a carta de renúncia. ;A história se repete;, afirmou Morales anteontem, lembrando que há quatro décadas o general golpista Luis García Meza levou uma carta de renúncia à presidente Lidia Gueiler (1979-1980), instaurando uma ditadura. Em Santa Cruz, os opositores mantêm ocupadas as sedes de entidades e de empresas públicas, e também há bloqueios de ruas e greves parciais em outras cidades da Bolívia.Primeiro governante indígena da Bolívia, Morales convocou os simpatizantes para defender a democracia e o resultado eleitoral, sob auditoria de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Camacho, um advogado de 40 anos, se tornou o rosto mais visível da oposição depois das eleições, embora não tenha sido candidato à Presidência, ofuscando o ex-presidente centrista Carlos Mesa (2003-2005), segundo na votação. Na terça-feira, o líder cívico tentou chegar a La Paz para ir ao palácio de governo, mas foi cercado por manifestantes pró-governo e impedido de deixar o aeroporto.