Agência France-Presse
postado em 07/11/2019 18:08
[FOTO1]O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mais uma vez ameaçou "abrir as portas" de seu país para que os migrantes passem para a Europa a menos que ele receba mais apoio internacional durante visita à Hungria nesta quinta-feira (7).
"Venha ou não o apoio, continuaremos acolhendo nossos convidados, mas só até certo ponto. Se virmos que isto não funciona, como disse antes, não teremos outra opção que abrir as portas", disse Erdogan durante coletiva de imprensa conjunta com o premiê húngaro, Viktor Orban.
"Se abrirmos as portas, é óbvio aonde irão...", reforçou o presidente turco.
Erdogan pediu mais apoio financeiro dos países da UE para seu plano de criar uma "zona segura" na Síria, para onde os refugiados poderiam ser repatriados.
Orban é um dos maiores opositores de que a Europa aceite refugiados e migrantes, especialmente vindos de países muçulmanos, e apoiou os esforços de Erdogan para repatriá-los.
"Existem quatro milhões de migrantes em nosso país", lembrou Erdogan. "É muito provável que muitos desses migrantes se mudem para a Europa", alertou.
"A ;zona segura; que queremos criar visa a garantir que os migrantes em nosso país retornem para suas casas, para suas terras", continuou.
Acusando seus críticos ocidentais de fazer vista grossa aos compromissos comerciais e políticos de seus países com outros, o húngaro Orban defendeu mais de uma vez a posição de Ancara.
"Sem a Turquia, não se pode deter a emigração para a Europa (...) Como consequência disso, a Hungria é um parceiro estratégico da Turquia em questões de segurança e migração", destacou Orban.
"Devemos fazer tudo o possível para evitar que massas de imigrantes cheguem à fronteira sul da Hungria e para isso é necessária a ajuda da Turquia", acrescentou o húngaro.
Erdogan agradeceu publicamente o apoio de Orban, um dos poucos líderes europeus a assistir à cerimônia inaugural de seu segundo mandato, em julho de 2018, e o primeiro a retribuir com uma visita à Hungria em outubro do ano passado, antes da atual.
A UE criticou duramente a ofensiva de Ancara no mês passado no norte da Síria, lançada para facilitar a criação dessa "zona segura".
Erdogan disse que a abordagem da UE está "muito longe de ser construtiva". "Essa atitude só prejudica seus próprios interesses", concluiu.