Agência France-Presse
postado em 08/11/2019 07:58
[FOTO1]A morte de um estudante em Hong Kong, que sofreu uma queda no fim de semana passado durante confrontos com a polícia, provocou nesta sexta-feira (8/11) uma onda de protestos do movimento pró-democracia.
O falecimento do jovem pode aumentar ainda mais a tensão na ex-colônia britânica, cenário há cinco meses de uma onda de protestos que terminam em violência com frequência para denunciar a interferência de Pequim e exigir reformas democráticas.
Chow, um estudante de Ciências da Computação de 22 anos, foi declarado morto na manhã desta sexta-feira, informou o hospital Queen Elizabeth.
O estudante deu entrada na emergência já inconsciente, na madrugada de segunda-feira (4/11), após violentos incidentes entre policiais e manifestantes no distrito de Tseung Kwan O.
O jovem foi encontrado em uma poça de sangue em um estacionamento onde pouco antes havia ocorrido um confronto, depois que a polícia usou gás lacrimogêneo para responder aos manifestantes que lançavam objetos.
Porém, as circunstâncias da queda do estudante, que participava nos protestos, não foram determinadas e provocam uma grande controvérsia.
A vítima estudava na Universidade de Ciências e Tecnologia de Hong Kong, onde nesta sexta-feira acontecia uma cerimônia de formatura.
O reitor da universidade, Wei Shyy, interrompeu o evento para anunciar a morte do jovem e pediu um minuto de silêncio.
Horas mais tarde, diversos fóruns on-line que coordenam o movimento de protesto, que não tem líderes designados, convidaram a população a participar em vigílias em homenagem ao estudante.
[SAIBAMAIS]De acordo com os manifestantes, o jovem caiu depois de subir no parapeito de um dos andares do estacionamento para escapar do gás lacrimogêneo lançado pela polícia.
Os comandantes da polícia admitiram o uso de gás lacrimogêneo perto do estacionamento, mas afirmaram que quando a vítima foi encontrado havia pouco gás na atmosfera.
Também negam ter dificultado a ação dos serviços de emergência ou o bloqueio da passagem da ambulância que levou o estudante ao hospital.
Na última semana os atos violentos aumentaram em Hong Kong.
No sábado passado, policiais e manifestantes protagonizaram uma batalha campal durante várias horas após um protestos não autorizado.
Um dia depois, um confronto violento deixou cinco feridos, incluindo um ativista pró-democracia que teve parte de uma orelha cortada.
Na quarta-feira (6/11), um político pró-Pequim sofreu um ataque com faca.
Xu Luying, porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau, chamou os manifestantes radicais de "gângsteres", de acordo com agência oficial Xinhua.
Ele acusou os manifestantes de recorrer à violência para tentar influenciar as eleições locais previstas para 24 de novembro.
A divisão não parece ter solução política.
Hong Kong, um território autônomo do sul da China devolvido a Pequim em 1997, é administrado pelo princípio "um país, dois sistemas" e até 2047 desfruta, em tese, de liberdades desconhecidas no resto da China.
O movimento pró-democracia acusa Pequim de não respeitar as promessas e de aumentar sua influência política na ex-colônia britânica, em particular desde a chegada ao poder do presidente Xi Jinping.
Os manifestantes pedem, entre outras coisas, a instauração de um verdadeiro sufrágio universal e uma investigação sobre a ação da polícia.