Agência France-Presse
postado em 08/11/2019 17:39
[FOTO1]O presidente Donald Trump se opôs nesta sexta-feira (8) à abolição total das tarifas que Washington impõe à China, diminuindo o otimismo de Pequim, que exige o levantamento dessa medida para assinar um acordo que encerra a guerra comercial entre as duas potências.
Na véspera, Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio da China, disse que a China e os Estados Unidos concordaram em um aumento "por etapas" das tarifas adicionais que os dois países aplicaram desde março de 2018, à medida que se avança para um acordo final.
O presidente não reagiu a essas declarações até esta sexta-feira. "A China quer conseguir uma anulação (de tarifas), não uma anulação completa, porque eles sabem que eu não vou dar", disse.
Pequim vem pedindo a abolição de tarifas adicionais há meses como condição para a assinatura de um tratado, já que a guerra de taxas está afetando cada vez mais a economia do gigante asiático.
O governo Trump sempre se recusou a cumprir esse pedido, alegando que as tarifas são uma medida de pressão para alcançar um tratado favorável para os Estados Unidos. Peter Navarro, consultor intransigente de política comercial de Trump, lembrou a posição do governo.
"Não há acordo para retirar as tarifas aduaneiros como pré-condição para um acordo", disse ele à rádio NPR.
"A única pessoa que pode tomar essa decisão é Donald Trump", acrescentou, descrevendo o anúncio de Gao Feng da "propaganda" chinesa divulgada pela imprensa.
- Acordo em breve -
O representante comercial americano (USTR), Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que lideraram as negociações com a China, não comentaram as declarações de Gao.
"Se você não recebeu notícias do embaixador Robert Lighthizer (...), não é verdade", disse Navarro sobre o corte de tarifas.
Mas, em sinal da confusão que reina na equipe de Trump, outro consultor econômico, Larry Kudlow, disse à agência de notícias financeiras Bloomberg: "Se houver um acordo comercial de ;fase 1;, haverá acordos sobre tarifas e concessões".
A eliminação, mesmo que parcial, das tarifas adicionais seria um alívio na estratégia de pressão adotada contra Pequim.
A porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham não mencionou um possível levantamento das sanções. "Não posso dizer mais sobre as negociações com a China, mas estamos muito otimistas com o fato de que chegaremos a um acordo em breve".
Trump e seu colega chinês, Xi Jinping, assinariam um acordo preliminar em meados de novembro, à margem de uma cúpula da Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), que seria realizada no Chile. Mas a reunião foi cancelada devido à crise social no país sul-americano.
O presidente americano disse que os dois países estavam escolhendo um novo local para a assinatura. "Será em nosso país", disse Trump, que mencionou a possibilidade de assinar em Iowa, um estado muito dependente do comércio agrícola com a China, que pode ser fundamental nas eleições presidenciais do próximo ano nos Estados Unidos.
Se não for em Iowa, será em uma "região agrícola" dos Estados Unidos, acrescentou o presidente.
O acordo da "fase 1" que Trump quer assinar inclui, segundo ele, entre 40 e 50 bilhões de dólares em compras de produtos agrícolas pela China.