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Fernández corteja a classe sindicalista

Presidente eleito diz que movimento trabalhista fará parte do governo. Anúncio indica mudança de postura em relação ao governo Macri e à política peronista

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 09/11/2019 04:06
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Em uma guinada em relação à gestão do direitista Mauricio Macri, o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, conclamou os sindicatos a um maior protagonismo político. ;O movimento trabalhista organizado é parte do governo que será instalado na Argentina a partir de 10 de dezembro. E não é um acordo político, é a convicção que sempre tivemos, pois os que trabalham são a pedra fundamental desta sociedade;, declarou o líder peronista, em discurso no plenário da Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, atraindo fortes aplausos. De acordo com o jornal Clarín, Fernández tornou a defender um ;pacto social; na nação. ;Vamos voltar a chamar os que produzem e os que trabalham para que venham sentar com o Estado para desenhar as políticas do futuro. Não somente fazer um acordo de preços e de salários;, acrescentou.

O cientista político Gustavo Marangoni ; diretor da M@R Asociados e ex-presidente do Banco Provincia ; explicou ao Correio que os quatro anos de política econômica de Macri acabaram por incentivar o movimento trabalhista à reunificação, não somente dentro da CGT, mas também em outras centrais menores. ;Alberto Fernández e sua Frente de Todos têm a oportunidade de contar com o movimento trabalhista para o pacto social. É uma proposta de contexto no qual o Estado, os sindicatos e as centrais empresariais podem negociar uma sorte de passos nos primeiros meses de governo;, afirmou. Ele considera importante que Fernández comece com um handicap que lhe permita alguma tranquilidade ou garantia de ausência de protestos na primeira parte do governo.

Segundo Marangoni, a ideia do peronismo recém-eleito para a Casa Rosada envolve conter a insatisfação no seio do sindicalismo e dos movimentos sociais ante um cenário de perda de renda. ;A partir do segundo semestre de 2020, Fernández tentará alavancar uma recuperação da economia que possa surtir impacto favorável, sobretudo entre setores muito dinâmicos em matéria de criação de empregos em nosso país, como o comércio, que conta com mais de 1 milhão de afiliados;, prevê.

Diretor do Programa de Estudos de Opinião Pública na Universidad Nacional de la Matanza (em San Justo, Argentina), Raúl Aragón avalia a convocatória dos sindicatos como ;um ato de absoluta coerência; com o que ele tinha anunciado desde o início da campanha. ;Fernández prometeu fazer um governo não apenas com os 24 governadores, mas com todos os setores do tecido social. Com esse gesto concreto, pessoas próximas aos sindicatos ou à CGT ocuparão cargos significativos no Executivo;, disse.


;O movimento trabalhista organizado é parte do governo que
será instalado na Argentina a partir de 10 de dezembro;

Alberto Fernández, presidente eleito da Argentina

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