<div style="text-align: justify">[FOTO1]Foi recebido com <strong>reações</strong> que variaram do <strong>otimismo</strong> ao receio o anúncio feito pelo governo de Sebastián Piñera sobre o início de um processo para mudar a <strong>Constituição </strong>herdada da ditadura de Augusto Pinochet.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A <strong>Carta Magna</strong> atual é chamada de <strong>"mãe das desigualdades"</strong>, tanto por especialistas quanto pelos manifestantes que permanecem nas ruas em meio a uma crise social que entra em sua quarta semana.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Entre as medidas já divulgadas pelo governo para tentar aliviar a tensão, está a ordem dada aos Carabineiros, a Polícia chilena, para fazer um <strong>"uso restrito"</strong> de armamento.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O anúncio chega no momento em que crescem as denúncias e condenações internacionais ao uso excessivo da força para reprimir os protestos, diante do dramático saldo de 182 pessoas com lesões oculares por tiros dados pela Polícia.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Depois de 24 dias de protestos, com episódios de saques e incêndios, diferentes pesquisas apontam que passa de 75% o apoio ao movimento conhecido nas redes sociais como Chile Despertou. E um número similar de entrevistados pede uma nova Constituição.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em um giro em sua postura, o governo de Piñera anunciou, no domingo (10/11) à noite, sua vontade de começar um processo para uma nova Constituição por meio de um "Congresso Constituinte", com ampla participação cidadã e um plebiscito para ratificá-lo.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O <strong>ministro</strong> do Interior, Gonzalo Blumel, confirmou o anúncio após uma reunião na casa do presidente Sebastián Piñera com os líderes do Chile Vamos, uma coalizão política composta de quatro partidos de centro direita e de direita.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Estes grupos políticos foram, até agora, os mais reticentes a uma mudança profunda da carta fundamental herdada da ditadura de Pinochet (1973-90).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em vigor desde 1980, a atual Constituição teve mais de 200 modificações em mais de 40 artigos, disse Piñera em entrevista sábado ao jornal "El Mercurio".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O texto não reconhece, porém, a responsabilidade do Estado de oferecer Educação e Saúde como um direito, duas das exigências dos milhões de chilenos que estão nas ruas desde 18 de outubro passado contra o governo.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]O Chile entra, nesta segunda-feira (11/11), em sua quarta semana de protestos, com uma greve geral do setor público, dezenas de pessoas protestando em frente ao Palácio La Moneda, sede presidencial, e confrontos em Peñalolén (leste) que causaram grande congestionamento.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Sem precedentes desde o retorno do país ao regime democrático, a crise deixou 20 mortos - cinco pelas forças do Estado -, mais de mil feridos, denúncias de tortura e de abusos.</div><h3 style="text-align: justify">Mudança ;pelo país; </h3><div style="text-align: justify">"Concordamos em iniciar o caminho para avançar para uma nova Constituição. Entendemos que é um trabalho que temos que fazer pensando no país", disse Blumel, após a reunião.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O <strong>ministro do Interior</strong> acrescentou que consideravam que a melhor fórmula para realizar esta mudança é por meio de um Congresso Constituinte, que conte com "uma ampla participação dos cidadãos e, em segundo lugar, que se possa ter um plebiscito ratificatório".</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O governo retomou a ideia de alcançar um pacto social, após os protestos de cidadãos cansados de um modelo econômico de ampla abertura ao mercado. Embora os economistas apontem o sucesso deste modelo, ele dividiu a sociedade pela desigualdade na riqueza e no acesso a oportunidades.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"Qualquer mudança constitucional requer acordos amplos e profundos e, por isso, temos que convocar todos os setores, com humildade, mas também com a capacidade de dialogar", defendeu Blumel, sem especificar prazos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Alguns <strong>líderes da oposição</strong> reagiram com otimismo, porém.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"O governo começa a ter um senso de realidade", declarou o presidente da Comissão de Constituição do Senado, Felipe Harboe, do Partido Pela Democracia (PPD, centro esquerda).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"A estratégia do governo é abrir a discussão sobre qual é o melhor mecanismo, e certamente vão defender uma figura derivada que sejam representantes, como congressistas, os que vão participar ativamente do debate da nova Constituição", disse à AFP o especialista Claudio Fuentes, da Universidade Diego Portales.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A Constituição atual não estabelece mecanismos para poder ser substituída, tampouco dá ao presidente a possibilidade de convocar um plebiscito.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Entre as mudanças previstas no projeto de Piñera, estão "definir melhor os direitos das pessoas e estabelecer como se fará para que sejam respeitados", especificar "as obrigações do Estado" e criar "melhores mecanismos de participação" da sociedade.</div>