postado em 12/11/2019 04:15
[FOTO1]Pela terceira vez desde que retomou a liderança do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), o primeiro-ministro interino da Espanha, Pedro Sánchez, viu-se ontem com a missão de prometer ao país o fim de um impasse político que se prolonga por quatro anos. Sánchez e a equipe, porém, não têm uma fórmula a apresentar com o propósito de formar um governo com maioria parlamentar para colocar em prática um programa político, econômico e social. Embora vencedor, o PSOE recuou para 120 deputados, três a menos que a bancada eleita em abril. A eleição de domingo, que teve na formação ultradireitista Vox a grande novidade, agora como terceira força nas Cortes (o parlamento espanhol), deixou novamente em minoria os blocos tradicionais de esquerda e de direita.
;Prometemos que a Espanha terá um governo mais rápido possível;, disse à imprensa o dirigente José Luís Ábalos, na saíde de uma reunião da Executiva do PSOE . Ele reconheceu que a Espanha sai da segunda eleição do ano em uma situação ;complexa;, mas insistiu na opção preferencial por um gabinete ;progressista; ; o que abre uma janela para a negociação de um acordo de coalizão com a coligação de esquerda radical Unidas-Podemos. ;O nosso compromisso é de que não haja uma terceira eleição (no ano), mas um governo progressista ; e isso não é uma coalizão com a direita ; o quanto antes;, completou Ábalos.
Mesmo somando os 35 eleitos pela esquerda radical, Sánchez não reuniria as 176 cadeiras que completam a maioria parlamentar. Teria como opções estender o acordo de coalizão para formações nacionalistas bascas e catalãs, embora enfrente dificuldades para atender às demandas separatistas, em particular na Catalunha. Outra possibilidade é pressionar o Partido Popular (PP), o principal da direita, a se abster na votação em que o Legislativo decidirá sobre o futuro governo, de maneira a permitir a instalação de um governo de minoria liderado pelo PSOE. Mas, embora enfraquecido pelo salto do Vox, que passou de 24 para 52 deputados, o PP também ampliou a bancada, para 88 cadeiras, e respondeu inicialmente ao apelo frisando que ;é hora de o PSOE sair (do poder);.
A menos que mude o discurso e se abra a um acordo com a ultradireita, porém, o PP se vê diante da mesma dificuldade que amarra as mãos dos socialistas. Seu aliado natural, o partido de centro-direita Cidadãos, foi o grande derrotado nas urnas e saiu com a bancada reduzida de 57 para 10 deputados. Seu líder, Albert Rivera, renunciou e anunciou sua retirada da vida política.
;Todos os partidos têm um rival à esquerda e outro rival à direita. Isso bloqueia suas opções estratégicas;, resume Joan Botella, professor de ciência política da Universidade Autônoma de Barcelona. ;Minha hipótese é de que vai ser praticamente impossível formar um governo. Será mais difícil que na eleição passada.;