Agência France-Presse
postado em 14/11/2019 07:54
[FOTO1]O ex-presidente boliviano Evo Morales disse nesta quarta-feira (13/11) no México, onde está na qualidade de asilado, que voltaria para "pacificar" seu país se os bolivianos pedissem, após semanas de protestos violentos que levaram à sua demissão.
Morales deu nesta quarta sua primeira coletiva de imprensa do exílio, na qual reiterou que sua demissão visou a conter a violência que sacudiu a Bolívia.
"Se meu povo pedir, estamos dispostos a voltar para apaziguar, mas é importante o diálogo nacional", disse Morales, acrescentando: "vamos voltar cedo ou tarde. Quanto antes melhor para pacificar a Bolívia".
Ele reiterou seu chamado a um diálogo nacional, no qual poderiam participar "países amigos" em uma espécie de mediação entre as forças políticas.
"É importante o diálogo nacional. Sem diálogo nacional, estou vendo que vai ser difícil deter este confronto", acrescentou.
Algumas horas mais tarde, Morales fez um apelo a organismos internacionais como a ONU e a Igreja Católica, por meio do papa Francisco, a acompanhar "o diálogo para pacificar nossa querida Bolívia".
"A violência atenta contra a vida e a paz social", escreveu no Twitter.
Antes, ele fez um apelo à Polícia e às Forças Armadas, que o pressionaram para que apresentasse sua renúncia, a não "usar tiros contra o povo".
Até quarta-feira a Bolívia registrava 10 mortos nos protestos após as eleições polêmicas em que Morales foi eleito para um quarto mandato, pleito que foi tachado de fraudulento pela oposição e que uma missão da OEA qualificou como repleto de "irregularidades".
Morales também condenou no Twitter a "decisão de (Donald) Trump de reconhecer o governo de fato e autoproclamado pela direita" liderado pela presidente interina Jeanine Áñez.
[SAIBAMAIS]Ele se antecipou a um comunicado do Departamento de Estado americano que reconheceu Áñez como presidente interina e afirma que Washington espera trabalhar com a Bolívia e sua população "enquanto preparam eleições livres e justas o mais rápido possível
"O golpe de Estado que provoca mortes dos irmãos bolivianos é uma conspiração política e econômica que vem dos EUA", afirmou Morales.
Sobre a proclamação de Añez como presidente interina, Morales disse que é a confirmação do "golpe" contra ele e que foi um ato fora da legalidade, pois não foi celebrada a sessão em que o Legislativo aceita sua renúncia, como prevê a Constituição.
À tarde, Morales foi recebido em uma cerimônia pela prefeita da Cidade do México, a esquerdista Claudia Sheinbaum, que lhe entregou uma medalha e um pergaminho para declará-lo um "hóspede distinto" da capital.
Ao chegar, dezenas de pessoas o receberam do lado de fora da prefeitura gritando "Aimará, irmão, o povo te dá a mão" e "você não está sozinho".
Em agradecimento, Morales disse que dentro e fora de seu país "eles não aceitam que a Bolívia é anticolonialista e anti-imperialista" e que ele não renunciou como "covarde", mas por "cuidar da vida" dos bolivianos.
Morales chegou na terça-feira (12/11) ao México na qualidade de asilado em um avião militar mexicano.