postado em 17/11/2019 04:14
[FOTO1]A escalada da violência política na Bolívia, após a anulação da eleição de 20 de outubro e a renúncia do presidente Evo Morales, que chegou a ser proclamado reeleito, motivou ontem apelos de origens distintas à pacificação ; inclusive por parte dos simpatizantes de Morales, primeiro representante da maioria indígena da população a governar o país. Cinco camponeses partidários do ex-presidente, que há uma semana renunciou e partiu para o exílio no México, morreram na sexta-feira em confrontos com as forças de segurança na região de Cochabamba, no centro do país, reduto do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido de Morales.
;Estamos passando por momentos difíceis, e pedimos aos movimentos sociais e a outras organizações que moderem suas posições. Não podemos viver de luto;, apelou a presidente do Senado, Eva Copa, do MAS. ;Convocamos a agora situação a se sentar para dialogarmos sobre as bases nas quais vai ser enquadrada a convocação às (novas) eleições;, prosseguiu. No início da semana, sob boicote do partido de Morales e sem o quorum previsto na Constiuição, a segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, foi proclamada chefe de Estado interina, com a missão de conduzir a escolha do próximo presidente.
Tensão na capital
Em uma decisão que espelha a situação tensa no país, foi cancelada ontem, por motivos de segurança, uma ;concentração pela paz; convocada por associações de moradores da capital. A centenas de metros do local previsto para a manifestação, cerca de mil camponeses vindos dos arredores da cidade fizeram uma marcha de protesto contra o governo provisório e em apoio ao retorno de Evo Morales.
Jean Arnault, enviado à Bolívia pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reuniu-se ontem em La Paz com a presidente interina no Palácio Quemado, sede da presidência. Encarregado de tentar uma aproximação entre Áñez e os partidários do ex-presidente exilado, ele insistiu na ;necessidade urgente de diálogo para que se consiga o objetivo desejado de realizar eleições transparentes; na Bolívia.
Separadamente, a alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, política socialista que presidiu o Chile em dois mandatos, criticou ontem o ;uso desnecessário e desproporcional da força pela polícia e pelo Exército; contra os simpatizantes de Morales, nos últimos dias. ;Realmente, me preocupa que a situação na Bolívia possa sair do controle, se as autoridades não a gerenciarem cuidadosamente, de acordo com as normas e os padrões internacionais que regem o uso da força, e com respeito pleno aos direitos humanos;, disse Bachelet, que condenou a morte de 14 pessoas nos confrontos registrados desde a eleição.