Agência France-Presse
postado em 17/11/2019 11:00
[FOTO1]Um policial de Hong Kong foi ferido neste domingo na perna por uma flecha lançada por um manifestante durante confrontos em uma universidade na área de Kowloon, que virou o principal local de protestos do movimento pró-democracia na ex-colônia britânica.As fotografias divulgadas pela polícia mostram uma flecha na panturrilha de um agente que participava em uma operação nas proximidades da Universidade Politécnica (PolyU) de Hong Kong. O policial foi hospitalizado.
As forças de segurança usaram jatos de água e gás lacrimogêneo contra os manifestantes que ocupavam o campus da PolyU.
Após a semana mais violenta desde o início dos protestos em junho, a situação parecia mais calma na sexta-feira e sábado.
Mas novos distúrbios foram registrados neste domingo. Os manifestantes defendem a estratégia de paralisar a cidade para asfixiar a economia do território.
Hong Kong é cenário de um movimento sem precedentes contra a interferência de Pequim no território semiautônomo de 7,5 milhões de habitantes, que sofre uma crise política mais grave desde que retornou, em 1997, à soberania chinesa.
A crise entrou em uma nova fase esta semana, mais radical, com adoção pelos manifestantes da estratégia batizada como "Blossom Everywhere" (Eclosão em todos os lugares), que consiste em multiplicar os bloqueios e os atos de vandalismo, com o objetivo de testar a capacidade da polícia.
As ações provocaram o caos em Hong Kong: o metrô ficou quase completamente parado, enquanto escolas e centros comerciais permaneceram fechados.
Um texto publicado em um fórum on-line convocou manifestantes para uma ação durante a madrugada de segunda-feira.
O governo anunciou que os centros de ensino continuarão fechados, por medida de segurança.
A mobilização pró-democracia começou em junho com a rejeição a um projeto de lei que autorizaria extradições para a China continental, onde a justiça está sob a influência do Partido Comunista.
O texto foi retirado em setembro, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações, que incluem o sufrágio universal para a escolha do chefe do Executivo de Hong Kong.
Duas pessoas morreram desde o início do mês. A praça financeira de Hong Kong enfrenta a recessão.
Neste domingo, a autoridade aeroportuária local anunciou uma queda de 13% no tráfego em outubro na comparação com o mesmo mês em 2018, com um total de 5,4 milhões de passageiros.
- Túnel estratégico -
Na manhã de domingo, dezenas de apoiadores do governo local pró-China se reuniram para retirar as barricadas que bloqueiam, perto da PolyU, a entrada do Cross Harbour Tunnel, um dos três túneis que permitem o acesso à ilha de Hong Kong, que está fechado desde terça-feira.
Pouco depois, no entanto, manifestantes reconstruíram as barricadas.
A imprensa local informou que os manifestantes lançaram tijolos contra os moradores que tentavam liberar o túnel estratégico. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
No sábado, soldados chineses saíram por alguns minutos do quartel no território para ajudar a retirar escombros e barricadas.
As saídas do exército chinês em Hong Kong são excepcionais e os militares permanecem em um discreto segundo plano.
O fato, porém, tem um caráter simbólico porque a denúncia das interferências chinesas no território semiautônomo está no centro das reivindicações dos manifestantes.
O governo de Hong Kong afirmou que o Executivo local não solicitou a ajuda das tropas chinesas e que a saída dos quartéis foi uma "iniciativa deles".
A imprensa estatal já advertiu que o Exército Popular de Libertação (EPL) da China se reserva a possibilidade de intervir para acabar com a mobilização em Hong Kong.