Agência France-Presse
postado em 18/11/2019 16:13
[FOTO1]O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (18/11) que está considerando, seriamente, testemunhar no comitê de investigação para seu julgamento político realizado pela Câmara dos Representantes, conforme solicitado pela presidente da Casa, a democrata Nancy Pelosi.
"Embora eu não tenha feito nada errado e não goste de dar credibilidade a essa paródia de justiça, gosto dessa ideia e, para que o Congresso possa se concentrar novamente (em seu papel legislativo), considerarei seriamente testemunhar", tuitou Trump, em resposta a uma entrevista de Pelosi transmitida no dia anterior.
Pelosi sugeriu "que eu testemunhe sobre o falso Impeachment de Caça às Bruxas. Ela também disse que eu podia fazer isso por escrito", completou Trump no microblog.
Ainda não está claro que tipo de depoimento o presidente tem em mente.
A equipe que defende Trump pode se opor a que seu cliente compareça diante do Comitê de Inteligência da Câmara. O órgão investiga a suspeita de que Trump pressionou a Ucrânia para coletar informações comprometedoras sobre o ex-vice-presidente dos EUA e pré-candidato Joe Biden, um dos seus principais rivais na corrida para a Casa Branca em 2020.
Na longa investigação liderada pelo procurador especial Robert Mueller sobre se Trump trabalhou com os russos para alavancar suas chances de ser eleito em 2016,o presidente respondeu a questões por escrito.
Ele aceitou colaborar somente depois que seus advogados negociaram limites rígidos para o tipo de questão que poderia ser feito. Em muitos casos, Trump disse que não conseguia "se lembrar" dos fatos.
O "Relatório Mueller" concluiu que agentes russos tentaram influenciar a eleição presidencial americana de 2016, mas que não havia provas de conluio por parte de Trump.
- Frustração crescente -
Qualquer comparecimento de Trump é potencialmente perigoso, e seu tuíte pode ser uma jogada tática em sua queda de braço com Pelosi.
O presidente está cada vez mais irritado e frustrado com a investigação contra ele, a qual chama recorrentemente de "caça às bruxas".
Os democratas insistem em que, durante o processo, foram revelados comportamentos que correspondem a acusações de suborno e de abuso de poder.
Esta semana, novas testemunhas foram convocadas pela Comissão de Inteligência da Câmara, onde são sabatinadas tanto por democratas quanto por republicanos.
A algumas quadras dali, na Casa Branca, Trump acompanha de perto este processo. Na última sexta-feira, tuitou com virulência contra uma das testemunhas.
A ex-embaixadora americana na Ucrânia Marie Yovanovytch disse aos legisladores que foi afastada do cargo, abruptamente, no momento em que as pressões denunciadas estariam acontecendo.
Ao longo do depoimento, Trump afirmou que, em todos os lugares para onde a diplomata foi enviada, as coisas acabaram "mal".
Estas declarações causaram consternação durante a audiência, e Marie classificou a intervenção do presidente como "muito intimidadora".
Trump e seus apoiadores argumentam que as acusações contra ele até agora não foram sustentadas pelas testemunhas que compareceram ao Congresso.
Isso pode mudar, porém, nesta quarta, quando o embaixador americano na União Europeia, Gordon Sondland, for interrogado.
Sondland estava em contato direto com Trump no momento das ligações com as autoridades ucranianas e teria tido um papel-chave nos esforços promovidos por um círculo muito próximo a Trump para obter informações comprometedoras sobre Biden.