postado em 19/11/2019 04:35
Um dia depois de o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, prometer impulsionar um projeto de legalização do aborto, a fim de que seja aprovado ;o quanto antes;, um dos religiosos mais próximos do papa Francisco criticou o peronista e o instou a rever sua postura. ;Vou tentar que saia o quanto antes. Não depende só de mim;, declarou Fernández ao jornal Página/12, ao ser consultado se uma ;lei do aborto; poderia ser apresentada ao Congresso ainda nesse ano. Ontem, em uma extensa publicação em sua página oficial no Facebook, o arcebispo de La Plata, Víctor Manuel Fernández, abordou o tema e se posicionou politicamente sobre o tema.
;Se eu pudesse falar com Alberto, eu lhe perguntaria se vale a pena começar seu mandato com um tema que tanto divide os argentinos e que tanta tensão provocou. Mas me preocupa outra coisa: eu o escutei dizer, antes das eleições, que não considerava que este tema fosse uma prioridade ou uma urgência, que dividia o país e que teria de analisá-lo bem e com tempo. Muitos votaram nele confiando nessas palavras;, afirmou. ;Uma coisa é despenalizar a mulher que já abortou, e outra coisa é legalizar o aborto;, comentou, ao lembrar que a segunda opção implicaria dizer que ;a criança por nascer é apenas um punhado de células animais e não tem nenhum direito;. O arcebispo acrescentou que tem o direito de expressar o que pensa sobre o assunto.
Na entrevista, o futuro presidente disse ser ;um defensor de dar fim à criminalização do aborto; e garantiu que enviará o projeto de lei ao Congresso em 10 de dezembro, sem esclarecer se vai procurar apenas descriminalizar ou legalizar a prática, como pedem os movimentos de mulheres.
Na Argentina, o aborto somente é permitido em casos de estupro, ou se a vida da mulher está em risco. Em 2018, em meio a enormes mobilizações de mulheres, pela primeira vez se debateu um projeto de lei de aborto legal no Congresso argentino. Ele foi aprovado pelos deputados, mas rejeitado no Senado, tradicionalmente mais conservador.