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Congressistas bolivianos trabalham a todo vapor para convocar eleições

O objetivo é, em um primeiro passo, eleger autoridades eleitorais e, depois, estabelecer uma data para convocar a votação, algo que ainda não foi decidido

Agência France-Presse
postado em 21/11/2019 10:49
[FOTO1]O Senado da Bolívia trabalha a todo vapor, nesta quinta-feira (21/11), para chegar a um consenso e aprovar o quanto antes uma lei convocando eleições gerais.

Enquanto isso, em várias cidades, persistem bloqueios de ruas organizados por partidários do ex-presidente Evo Morales e que começam a afetar a distribuição de combustíveis.

A meta é que o Senado "aprove nesta quinta" a convocação, para atender a "esta demanda de eleições no menor tempo possível, com um novo tribunal eleitoral com homens e mulheres confiáveis", disse o presidente da comissão que analisa as possíveis convocações, o governista Oscar Ortiz.

Por meio de um acordo interpartidário de oficialistas e opositores, esta comissão começou na quarta-feira (20/11) para analisar dois projetos de lei de convocação para as eleições, os quais incluem a renovação total dos ministros do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e de nove tribunais departamentais.

Um texto é o enviado pela presidente interina de direita, Jeanine Áñez, e o outro foi apresentado pelo esquerdista Movimento ao Socialismo (MAS, na sigla em espanhol), o partido de Morales, que tem maioria no Congresso.

O objetivo é, em um primeiro passo, eleger autoridades eleitorais e, depois, estabelecer uma data para convocar a votação, algo que ainda não foi decidido.

Mais de 30 autoridades do TSE e de seus organismos departamentais foram detidas depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um informe de auditoria, apontando irregularidades na contagem de votos. No primeiro turno em 20 de outubro, Evo Morales saiu vencedor das urnas, ao derrotar Carlos Mesa.

Os protestos começaram estimulados pela suspeita da oposição e de coletivos civis de que houve fraude. Até o momento, Morales rebate estas acusações e diz ter renunciado em meio à pressão e após perder o apoio de militares e de policiais. Há mais de uma semana, está no México, país onde obteve asilo.

Se alguma lei for aprovada no Senado, o texto deverá passar pela Câmara dos Deputados para ser sancionada e, na sequência, enviado para o Executivo para sua promulgação.

[SAIBAMAIS]De Washington, a OEA aprovou ontem uma resolução, pedindo "urgentemente" a convocação de novas eleições.

Bloqueios e escassez

Enquanto o Senado trabalha uma lei, fundamental para descomprimir a violência social que deixa, em um mês, 32 mortos e mais de 400 feridos, persiste o cerco de partidários de Morales sobre a estratégica unidade distribuidora de combustíveis de Senkata, em El Alto, cidade vizinha de La Paz.

Ontem, nesta infraestrutura, oito pessoas foram mortas em uma operação policial e militar para proteger um comboio de caminhões com gasolina. Em nota, o Ministério da Defesa disse que Senkata "se encontra, neste momento, perigosamente cercada por pessoas ligadas ao MAS".

O texto afirma que os opositores, que rejeitam Áñez como presidente, "pretendem tomar e danificar estas instalações com o uso de explosivos (dinamites), pondo em perigo os habitantes da cidade de El Alto" e contam "com a ajuda de cidadãos estrangeiros".

Para evitar a tomada das instalações, os militares mantêm um perímetro de segurança, complementou o Ministério.

Nos postos de gasolina, há dezenas de automóveis públicos e privados que esperam durante horas para conseguir abastecer.

A falta de combustível pelo bloqueio também afetou o transporte de alimentos em La Paz e El Alto e disparou o preço dos produtos da cesta básica em até 200%, como no caso de carnes de frango e bovina, frutas e verduras.

Os alimentos também não estão chegando aos hospitais, alertou o ministro da Saúde, Aníbal Cruz. Segundo ele, os pacientes "podem morrer, não por sua doença, mas de fome".

Bloqueios de estradas são registrados nas saídas e nas entradas das cidades de Cochabamba (centro), Santa Cruz (leste) e Sucre (sudeste), por parte de camponeses leais a Morales.

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