Agência France-Presse
postado em 21/11/2019 11:04
[FOTO1]O príncipe Andrew está sob pressão dos advogados das supostas vítimas de seu falecido amigo americano Jeffrey Epstein para depor como testemunhas sobre o que sabia a respeito dos supostos crimes de pedofilia, um escândalo que afeta a monarquia britânica.
Depois de ter sido obrigado a anunciar na quarta-feira (20/11) que se aposenta das funções oficiais - após uma entrevista concedida no fim de semana ao canal BBC e considerada "desastrosa" por analistas -, o príncipe está sendo pressionado agora para contar o que sabia sobre atividades do empresário. Epstein foi encontrado morto em sua cela em agosto, após ter sido acusado de exploração sexual de menores de idade por anos.
"Acreditamos que ninguém está acima da lei e que toda pessoa deve responder a perguntas, se tiver informações pertinentes. E, claramente, ele (o príncipe Andrew) tem informações relevantes", declarou a advogada Lisa Bloom à BBC Radio 4.
Na quarta-feira à noite, outra advogada, Gloria Allred, afirmou que o príncipe deveria entrar em contato, "sem condições e sem demora", com as autoridades americanas, antes mesmo de uma possível convocação.
O segundo filho da rainha Elizabeth II, envolvido em uma polêmica sobre seus vínculos com Epstein e abandonado por muitas empresas e universidades com as quais colaborava, anunciou sua retirada dos compromissos públicos e afirmou que está "pronto para ajudar" na investigação do caso.
"Sabemos que o príncipe Andrew teve vários contatos com Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell (acusada de ;recrutar; as vítimas) e pensamos que qualquer um que interagiu com eles deveria falar não apenas com as forças de segurança, mas também com os advogados das vítimas, pessoas como eu", acrescentou Bloom, que representa cinco supostas vítimas de Epstein.
Considerado por muitos o filho favorito da rainha, Andrew já havia sido objeto de manchetes pouco lisonjeiras no passado, tanto por seu estilo de vida similar a um playboy quanto por seus relacionamentos conturbados. Desta vez, porém, o caso é mais grave, pois ele tinha uma relação com um pedófilo, mesmo após a condenação de Epstein pela Justiça americana.
[SAIBAMAIS]No comunicado publicado na quarta-feira, Andrew, muito criticado pela falta de arrependimento por sua amizade com Epstein e pela ausência de empatia pelas supostas vítimas na entrevista à BBC, afirmou "lamentar inequivocamente a associação errônea com Jeffrey Epstein" e expressou "a compaixão mais profunda com qualquer um que tenha sido afetado" pelo caso.
A desgraça do duque de York voltou a ser explorada pelos jornais britânicos nesta quinta-feira, com exceção do Financial Times. "Sinto muito, mamãe", ironiza o "Daily Mirror", ao publicar uma foto do príncipe em um carro, após um encontro com a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.
"O duque se aposenta depois de conversas de crise com a rainha", afirma o Times.
"Pária", diz a manchete do tabloide "Daily Mail", enquanto outras publicações citam a vergonha e a humilhação de Andrew, após o anúncio de sua aposentadoria da vida pública.
Um colunista do "Sun" comenta que "isto é apenas o início dos problemas" de Andrew. Convencido de que, a partir de agora, será impossível retomar os deveres reais, Dan Wootton considera a situação "uma lição para os jovens membros da família real para que permaneçam presos à realidade e aos assuntos públicos".
A crise teve início em agosto com a publicação nos Estados Unidos de documentos judiciais, nos quais Virginia Roberts relata ter tido relações sexuais com o príncipe em três ocasiões, forçada por Epstein, quando tinha 17 anos.
A publicação de uma fotografia que a mostrava naquela época, abraçada pelo príncipe, com Ghislaine Maxwell ao fundo, fez o resto, assim como outra imagem que mostra o príncipe caminhando por Nova York com o empresário, apesar de Epstein ter sido condenado e preso por pedofilia em 2008.