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Porta fechada para Morales

Senado boliviano aprova projeto para realização de eleições gerais com veto à participação de ex-presidente. Proposta vai agora à apreciação da Câmara. Presidente interina repudia possibilidade de concessão de anistia

postado em 24/11/2019 04:06
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A Bolívia deu ontem mais um passo para a realização de eleições gerais, em meio a uma nova tentativa de diálogo para tentar encerrar a violenta crise política no país, que deixou 32 mortos. O Senado autorizou a realização do pleito, sem a participação do ex-presidente Evo Morales, exilado no México. O projeto foi, em seguida, enviado para a aprovação na Câmara dos Deputados. Outra proposta alavancada por senadores recebeu o repúdio da presidente interina. Jeanine Áñez rejeitou a possibilidade de concessão de uma ;anistia; a Morales, prevista em um projeto de lei que veta a instauração de ;processos judiciais; contra o ex-presidente e seus colaboradores. ;Todo aquele que cometeu delitos e burlou a lei, cometeu abusos, não terá anistia de nenhum tipo;, afirmou a presidente interina.

O governo provisório está disposto, de outra parte, a abrir diálogo com os movimentos de protesto, em busca de um acordo que ponha fim aos bloqueios e manifestações que deixaram 32 mortos nos últimos nove dias. Para analistas, se ambas as iniciativas se concretizarem ; a convocação de novas eleições e a ;pacificação; das ruas ;, a Bolívia começaria a ver uma luz, após atravessar seu período mais turbulento em pouco menos de duas décadas.

O projeto, que, a princípio, tem o apoio do Movimento ao Socialismo (MAS), liderado por Evo Morales, prevê a realização de novas eleições gerais e a renovação do Superior Tribunal Eleitoral, cujos representantes foram removidos sob a acusação de terem manipulado a apuração dos votos. Ao mesmo tempo, fecha as portas para a candidatura de Morales, que exerceu o poder por quase 14 anos, com uma popularidade que foi minguando apesar de suas conquistas sociais e econômicas, devido à sua determinação em permanecer no cargo, mesmo com um referendo contrário realizado em 2016.

Foi o Tribunal Eleitoral que deu a Morales a oportunidade de concorrer novamente em 20 de outubro. O novo mandato de cinco anos foi contestado pela oposição nas ruas por suspeita de fraude. A OEA também anunciou ter detectado irregularidades. Sob forte pressão, Morales acabou deixando o cargo há duas semanas.

Com maioria no Congresso, o MAS se mostra dividido em torno de Morales, que, até o momento, não endossou publicamente o processo para superar a crise e a sua exclusão das próximas eleições. ;Esse projeto também estabelece uma disposição para resolver uma polêmica que nós, bolivianos, temos enfrentado;, assinalou o senador Ortiz, referindo-se ao artigo que impede que ;os cidadãos reeleitos de forma contínua nos dois períodos constitucionais anteriores; possam se candidatar na disputa seguinte.


;Todo aquele que cometeu delitos e burlou a lei, cometeu abusos, não terá anistia de nenhum tipo;
Jeanine Áñez presidente interina da Bolívia


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