postado em 25/11/2019 04:05
[FOTO1]Realizadas em meio a uma onda de protestos sem precedentes, que já dura cinco meses, as eleições locais de Hong Kong atraíram um número recorde de eleitores. Segundo a Comissão Eleitoral, a participação superou 70%, um índice muito superior aos 47% das eleições anteriores, de 2015. Por toda parte, longas filas se formaram em frente às assembleias de voto. As primeiras projeções mostraram o avanço do grupo pró-democracia.
Normalmente, essas eleições para eleger 452 conselheiros em 18 distritos do território semiautônomo, que lidam com questões como coleta de lixo e planejamento urbano, não despertam muito entusiasmo. Os conselhos sempre foram dominados por um bloco de políticos relacionados com Pequim.
No entanto, este ano a ex-colônia britânica vive uma situação excepcional, atravessando a pior crise política desde que foi reanexada à China, em 1997, com protestos quase diários e ações violentas para exigir reformas democráticas. Os manifestantes pró-democracia querem aproveitar a oportunidade incomum de se expressar nas urnas para reduzir o domínio pró-Pequim e dar um novo impulso à mobilização.
Mudanças
No total, 4,1 milhões de pessoas se registraram para votar, 400 mil a mais do que quatro anos atrás.Votando pela primeira vez, o estudante Michael Ng, de 19 anos, disse esperar que, a partir de agora, os ativistas pró-democracia sejam mais ouvidos nos conselhos. ;Embora meu voto não seja grande coisa, espero que permita mudanças na sociedade e ajude a apoiar as manifestações;, ressaltou.
;Estamos votando para dar nossa opinião sobre o que acontece (...) Também estamos votando para escolher o que está por vir;, disse Jimmy Sham, candidato pró-democracia e uma figura de destaque no movimento de protesto.
Nas últimas semanas, com os embates frequentes nas ruas entre os manifestantes e as forças de segurança, o governo ameaçou adiar as eleições, que foram reduzidas ao longo da semana passada como estratégia para garantir a votação. Alguns cientistas políticos consideram que a alta participação pode favorecer a causa pró-democracia, que encara o pleito como uma espécie de referendo contra a chefe do Executivo local, Carrie Lam, e seu governo pró-Pequim.
Para garantir um clima de normalidade, policiais foram destacados perto de algumas seções eleitorais, mas não em número excessivo. ;Fico feliz em poder dizer que temos um ambiente relativamente calmo e pacífico para realizar essas eleições corretamente;, disse Lam após votar em seu círculo eleitoral, na ilha de Hong Kong.