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Papa encerra visita ao Japão após críticas às armas nucleares

O Papa chamou de "crime" o uso da energia atômica para fins militares e condenou a ideia de que a bomba atômica pode dissuadir os ataques

Agência France-Presse
postado em 26/11/2019 09:34
[FOTO1]O papa Francisco retornou nesta terça-feira (26/11) para Roma após uma viagem ao Japão, onde fez críticas à bomba atômica e expressou dúvidas sobre o uso civil da energia nuclear.

O principal momento da viagem de quatro dias foi o emotivo encontro em Nagasaki e Hiroshima com os sobreviventes das bombas atômicas lançadas sobre estas cidades em 1945.

Francisco chamou de "crime" o uso da energia atômica para fins militares e condenou a ideia de que a bomba atômica pode dissuadir os ataques.

O pontífice cumprimentou um por um os sobreviventes dos ataques a Hiroshima e Nagasaki, conhecidos como "hibakusha".

"Aqui, de tantos homens e mulheres, dos seus sonhos e esperanças, no meio de um clarão de relâmpago e fogo, nada mais ficou além de sombra e silêncio", afirmou o papa em Hiroshima, onde em 6 de agosto de 1945 foi lançada pelos Estados Unidos uma bomba atômica pela primeira vez na história.

A denúncia do horror da guerra e das armas é um discurso recorrente dos papas.

Mas uma rejeição clara à teoria da dissuasão nuclear constitui uma ruptura com o passado. Na ONU em 1982, João Paulo II definiu esta doutrina como um mal necessário "nas condições atuais".

Francisco critica de forma geral "a corrida armamentista, que desperdiça recursos preciosos".

Durante a visita, o pontífice ouviu os depoimentos de sobreviventes das bombas atômicas, que falaram sobre as terríveis sequelas físicas e psicológicas.

Na segunda-feira, o papa consolou as vítimas da catástrofe de 11 de março de 2011 no nordeste do Japão, que chamou de "desastre triplo" (terremoto, tsunami, acidente nuclear).

[SAIBAMAIS]Na data, um terremoto submarino provocou uma onda gigante que matou mais de 18.500 pessoas e atingiu a central de Fukushima, o que gerou o pior acidente nuclear da história depois de Chernobyl (Ucrânia) em 1986.

Francisco citou a preocupação com o uso da energia atômica e pediu uma mobilização maior para ajudar as 50.000 pessoas desabrigadas pela contaminação nuclear na região.

Na segunda-feira, ele teve um encontro com jovens, celebrou uma missa para 50.000 pessoas em Tóquio e se reuniu com o novo imperador do Japão, Naruhito, assim como o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.

Apesar de sua oposição à pena de morte, Francisco não disse nada sobre o tema de forma pública, durante a viagem ao Japão, onde a pena capital ainda é praticada.

Na viagem pela Ásia, o líder da Igreja Católica também visitou a Tailândia, um país que, como o Japão, possui uma comunidade católica ultraminoritária (menos de 0,6% da população nas duas nações).

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