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Com Black Friday, consumo dribla temor de recessão nos EUA e ações do setor sobem

Agência Estado
postado em 28/11/2019 21:55
Os mais recentes dados de atividade nos Estados Unidos, incluindo a revisão para cima do PIB do terceiro trimestre, revelaram um desempenho da economia americana nas últimas semanas melhor do que o esperado pelos economistas, minimizando a percepção de risco de recessão em 2020 que permeou os relatórios de analistas de mercado ao longo deste ano. Com isso, crescem as expectativas para a Black Friday, que poderá dar a medida de como anda o apetite dos consumidores neste fim de ano e sinalizar um potencial fôlego para frear o movimento de desaceleração do crescimento no país. A Federação Nacional do Varejo (National Retail Federations, NRF na sigla em inglês) prevê que 165,3 milhões de pessoas irão às compras entre esta quinta-feira, 28, e terça-feira, 3, nos EUA. A expectativa é que as vendas de novembro subam de 3,8% a 4,2% em relação ao mesmo período de 2018, totalizando US$ 730,7 bilhões. As projeções são feitas com base em entrevistas com consumidores, nas quais 56% disseram que já haviam começado as compras de fim de ano na primeira semana de novembro. Os números contrastam com o índice de confiança do consumidor apurado pelo Conference Board, que caiu de 126,1 em outubro para 125,5 em novembro, registrando o quarto mês consecutivo de retração. Lynn Franco, diretor de Indicadores Econômicos do Conference Board afirma que o resultado foi puxado por uma piora na avaliação das condições atuais de negócios e do mercado de trabalho, o que sugere que o crescimento econômico deve continuar fraco neste fim de 2019. "No entanto, as expectativas de curto prazo dos consumidores melhoraram modestamente e é provável que o crescimento no início de 2020 permaneça em torno de 2%. No geral, os níveis de confiança ainda são altos e devem apoiar sólidos gastos durante esta temporada de feriados", destaca ele. A equipe de economistas do LPL Financial Research nota, em relatório enviado a clientes, que mesmo com o recuo de novembro, a confiança do consumidor americano ainda está em nível historicamente elevado. Para o BBVA, os indicadores mais recentes da economia americana geram algum otimismo. "O sentimento de risco de mercado melhorou modestamente em meio a manchetes comerciais positivas e a fortes dados de atividades nos Estados Unidos", destaca o banco em relatório. "No primeiro dia de negociação nas Bolsas de Valores de Nova York na semana de Ação de Graças, o dólar americano ficou mais forte em relação a todas as principais moedas globais. Os americanos estão gostando da combinação de valores crescentes (nos mercados acionários) e baixas taxas de juros, e a esperança é que isso se traduza em uma temporada mais saudável para as compras de fim de ano", diz Kathy Lien, analista da BK Asset Management. "Os negócios da Black Friday começaram mais cedo do que o habitual neste ano, o que pode ajudar a estender o período de demanda." O otimismo com o comércio encontra apoio no mercado de trabalho americano, que tem registrado a menor taxa de desemprego dos últimos 50 anos, além de aumentos salariais. "Melhora do emprego e melhora na confiança se revertem em melhora nas vendas do varejo", pontua André Diz, professor de economia do Ibmec. De acordo com a LPL Financial Research, os fortes gastos do consumidor ajudaram a economia a crescer a uma taxa média de 2% nos últimos dois trimestres, apesar das dificuldades no crescimento dos gastos com negócios, estoques e comércio."O sentimento do consumidor tem sido amplamente imune aos ventos contrários globais", avalia Ryan Detrick, estrategista de mercado sênior da LPL. "Esperamos que os gastos do consumidor impulsionem o crescimento econômico até o próximo ano. Então gostaríamos de ver a confiança do consumidor aumentar mais com sinais de progresso comercial."

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