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Parlamento aprova renúncia em Bagdá

postado em 02/12/2019 04:15
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Vizinho do Irã, o Iraque também enfrenta violentos protestos, que deixaram pelo menos 420 mortos. Em uma manobra para pacificar o país, o Parlamento aceitou, ontem, a renúncia do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi e anunciou que pedirá ao presidente iraquiano, Barham Salih, que escolha um novo premiê. Morador de Diwaniya, a cerca de 170km de Bagdá, o estudante Aynas Abes Abdel Kadhim, 20 anos, acredita que a mudança de governo não será suficiente para conter as manifestações. ;O sistema político iraquiano precisa se transformar completamente;, explicou ao Correio. ;Uma de nossas principais demandas é distanciar o presidencialismo dos partidos. Todos no Iraque sabem que quem controla o Estado e escolhe o primeiro-ministro é Qasem Solaimani (general do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica iraniana). Os partidos políticos do Iraque são todos apoiados pelo Irã. As milícias de Teerã estão por trás dos assassinatos de manifestantes;, acrescentou.

Kadhim disse ter visto ;muitos casos de execuções deliberadas nas ruas;. ;As autoridades iraquianas têm anunciado a matança de ativistas pacíficos por parte de um terceiro ator, o qual pertence a um país estrangeiro;, comentou. ;Para eliminar os manifestantes, a internet foi cortada no Iraque e no Irã. Um dos métodos de repressão adotados pelas milícias é o sequestro de civis e de opositores.; Em Karbala, Mohamed Saad Jawad Nasrawi, 23, afirmou à reportagem que os protestos em seu país visam resgatar a nacionalidade e refundar a Constituição. ;Não basta o premiê renunciar. É preciso remover todos os partidos existentes, alterar a Carta Magna e convocar novas eleições;, defendeu. ;Todos os partidos são corruptos e vivem sob liderança do Estado iraniano.;

A decisão de Abdel Mahdi de entregar o cargo ocorreu depois da exigência feita pelo aiatolá Ali Al-Sistani, a maior autoridade xiita do Iraque. Apesar do desmoronamento do governo, os protestos prosseguiram ontem com caráter de velórios. Pela primeira vez desde o começo das manifestações, dois meses atrás, um tribunal iraquiano condenou à morte um policial acusado de ter matado manifestantes. A Corte penal de Kut determinou que um comandante da polícia seja enforcado. (RC)

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