postado em 02/12/2019 04:15
[FOTO1]Milhares de manifestantes pró-democracia retornaram às ruas de Hong Kong, ontem, depois de um breve período de calma pouco habitual em quase seis meses de protestos contra o governo. A nova jornada de mobilizações ocorre uma semana depois das eleições locais, nas quais o movimento pró-democracia obteve esmagadora maioria. Apesar disso, nem o Executivo local, nem o governo chinês aceitaram fazer concessões. A polícia autorizou três concentrações, por meio de uma ;carta de não objeção;, e pediu aos participantes que sejam pacíficos.
Uma das marchas seguiu para o consulado dos Estados Unidos, para agradecer pelo apoio de Washington à mobilização. Alguns manifestantes levaram uma bandeira dos Estados Unidos e cantaram o hino deste país. ;Gostaria de enviar uma mensagem para o governo: não terminamos e isso não acabou;, disse um dos ativistas, de 27 anos, sob condição de não ter o nome divulgado. Ele também disse esperar que os três protestos transcorram de forma pacífica. ;Me preocupa que a opinião pública mude, se a violência e os confrontos continuarem;, afirmou.
À noite, os manifestantes se reuniram para lembrar Pequim e as autoridades chinesas de suas cinco reivindicações, entre elas, a instauração de um verdadeiro sufrágio universal e uma investigação independente sobre a violência policial. No sábado, no bairro popular de Mong Kog, manifestantes bloquearam ruas, e a polícia usou gás lacrimogêneo. Esta foi a primeira vez desde as eleições de 24 de novembro. Desde o início dos protestos em junho, foram lançadas mais de 12 mil granadas de gás lacrimogêneo, segundo a polícia.
Vídeo
Ontem, um vídeo postado on-line mostrava um manifestante agredindo brutalmente um homem que tentava retirar uma barricada. A vítima tropeça e cai no chão, após ser atingida na cabeça com um objeto contundente. O chefe da Polícia de Hong Kong, Chris Tang Ping-keung, relatou que tal ataque ocorreu no sábado à noite em Mong Kok. ;Isso poderia tê-lo matado;, admitiu Tang. De acordo com a polícia, ;até agora nenhuma pessoa foi detida;, e ;a vítima, ferida, apresenta um grave traumatismo craniano;.
A mobilização em Hong Kong começou em junho como uma rejeição a um projeto de lei destinado a autorizar as extradições para a China. O texto foi retirado de pauta, mas a medida veio tarde demais, segundo os manifestantes, que aumentaram sua agenda de reivindicações.