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De olho no efeito Trump

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/12/2019 04:17
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Em meio a uma campanha eleitoral, britânicos acompanham com expectativa a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Londres para participar da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que começa hoje. A passagem de Trump pela capital inglesa inclui uma recepção com a rainha Elizabeth II no Palácio de Buckingham.

A natureza imprevisível do presidente norte-americano é a causa da apreensão. Trump não esconde suas críticas à Aliança Atlântica, que completa sete décadas, pois acredita que os Estados Unidos contribuem demais e outros países muito pouco. Também deixa explícita a predileção que sente pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que tenta a reeleição, no próximo dia 12.

A apenas nove dias da votação, todas as declarações do republicano serão analisadas em detalhes. A atmosfera no Reino Unido é especialmente febril após o ataque de sexta-feira na London Bridge, tema de uma conversa entre Trump e Johnson no sábado.

Na opinião de Richard Whitman, cientista político da Universidade de Kent, ;o risco é que Trump faça uma intervenção direta na campanha;. Ele avalia que, ;o que Trump disser, provavelmente favorecerá mais a oposição de Boris Johnson;, com quem costuma ser comparado por suas semelhanças físicas e ideológicas.

Distância
Segundo a imprensa britânica, o premiê tentará manter a distância além da inevitável foto e jantar organizados hoje em Downing Street. Até a noite de ontem, não havia uma reunião bilateral planejada entre os dois. Johnson teria sugerido que não apreciaria a interferência do convidado. ;Quando há amigos e aliados próximos, como Estados Unidos e Reino Unido, é melhor que nenhum dos dois interfira na campanha eleitoral do outro;, disse à BBC na última sexta-feira.

;O Partido Conservador ficará nervoso com qualquer coisa que Trump possa tuitar porque, é claro, isso é algo que eles não podem controlar;, opina Whitman. Além disso, o presidente americano tem agendada uma coletiva de imprensa amanhã, ao fim da cúpula.

O próprio Trump passa por momentos de tensão nos EUA, envolvido na pré-campanha para as eleições presidenciais de 2020 e, acima de tudo, em uma investigação contra ele na Câmara dos Representantes, visando a um impeachment.

Na noite de domingo, ao denunciar uma investigação ;injusta;, o presidente americano recusou oficialmente o convite para participar de uma audiência no Congresso. Após dois meses de investigação, a Câmara de Representantes ; de maioria democrata ; começa nesta semana o debate jurídico para determinar se as alegações contra o presidente são suficientemente graves para justificar uma acusação e a abertura de um julgamento político. O Comitê Judicial da Câmara deve iniciar a avaliação do tema amanhã em uma audiência com especialistas constitucionais.

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