<div style="text-align: justify">[FOTO1]O Mercosul celebra na quarta (4/12) e na quinta-feira (5/12) na cidade gaúcha de Bento Gonçalves uma <strong>cúpula</strong> marcada pelas tensões que se avizinham entre o <strong>Brasil </strong>de Jair Bolsonaro e a <strong>Argentina</strong> de Alberto Fernández, que vai assumir o cargo na semana que vem.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Este 55; encontro presidencial do bloco será o último com Maurício Macri na Presidência argentina, a quem Bolsonaro (direita) tinha apoiado na campanha eleitoral.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O presidente brasileiro terá como prêmio de consolação a vitória do liberal Luis Lacalle Pou no Uruguai, que vai assumir em março, pondo fim a quinze anos de governos de esquerda em seu país.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Bolsonaro já tem um aliado no Paraguai, com Mario Abdo Benítez (direita).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">A recomposição ideológica do bloco ocorre no marco das convulsões políticas e sociais que sacodem a América do Sul, gerando expectativas sobre seus eventuais impactos no processo de ratificação do acordo de livre-comércio assinado este ano pelo Mercosul com a União Europeia e nas discussões com outros países.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Do lado uruguaio, assistirá à cúpula de Bento Gonçalves a vice-presidente Lucía Topolansky representando Tabaré Vázquez (esquerda), ausente devido a problemas de saúde.</div><h3 style="text-align: justify">Animosidade declarada </h3><div style="text-align: justify">O primeiro encontro entre Bolsonaro e Fernández (centro-esquerda) não tem data marcada e a hostilidade entre ambos preocupa o meio dos negócios, dada a interdependência das duas economias.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina que, por sua vez, é o terceiro do Brasil, depois da China e dos Estados Unidos, embora seja o principal comprador de seus produtos industriais.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Bolsonaro se absteve de cumprimentar Fernández e não assistirá à sua posse em 10 de dezembro, incomodado pela campanha do peronista a favor da libertação do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve preso por corrupção em Curitiba até o começo de novembro.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">[SAIBAMAIS]Temeroso de que Fernández, herdeiro de uma economia mergulhada em uma grave crise, adote políticas protecionistas, o governo Bolsonaro chegou a ameaçar deixar o bloco.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Na semana passada, no entanto, os dois presidentes baixaram o tom, comprometendo-se a manter um vínculo "pragmático". </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"Ainda não está claro se essas declarações do governo brasileiro são, de fato, um planejamento de deixar o Mercosul ou se isso é simplesmente uma maneira de pressionar a Argentina para adotar uma posição mais liberal em termos de comércio internacional", disse à AFP Maurício Santoro, professor de Relações Internacionais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas às importações de aço e alumínio do Brasil e da Argentina colocou inesperadamente os dois países no mesmo balaio para desgostos dos brasileiros, que almejam uma posição de aliados estratégicos dos americanos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Esta decisão "deveria [aproximar] Brasil e Argentina. Essa tensão [entre Bolsonaro e Fernández] não é favorável [nem] para o Brasil, nem para a Argentina", disse à AFP o ex-embaixador brasileiro em Washington Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice).</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">"Vamos ver se na reunião do Mercosul isso pode ser tratado", acrescentou.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Na cúpula, os quatro países vão assinar um acordo de cooperação policial fronteiriça para perseguir criminosos em fuga.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Também vão discutir a redução da Tarifa Externa Comum (TEC), a elevada taxa - de 13% a 14%, em média - imposta a importações de países terceiros.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">O deputado argentino Felipe Solá - mencionado como provável futuro chanceler de Fernández -, advertiu, em declarações reproduzidas na imprensa de seu pais, que reduzir a TEC a cinco dias da saída de Macri seria "gravíssimo" e poria a Argentina "em uma situação complicadíssima".</div><h3 style="text-align: justify">Uma região conturbada </h3><div style="text-align: justify">As tensões entre Brasil e Argentina levaram o uruguaio Lacalle Pou a dizer no sábado que seu país poderia ter um papel de "dobradiça" entre os dois principais parceiros do Mercosul.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">E acrescentou que o interesse do Uruguai é ter "tranquilidade na região". </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Em Bento Gonçalves também estarão presentes representantes de países que vivem violentas crises políticas e protestos sociais, entre eles a chanceler da Bolívia, Karen Longaric, representando o governo interino da direitista Jeanine Áñez, e o do Chile, Teodoro Ribera, como representante do governo conservador de Sebastián Piñera. </div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Não seria de se estranhar que se aborde a crise na Venezuela, suspensa em 2017 do Mercosul por descumprir as normas de respeito à democracia e os compromissos comerciais assumidos.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Brasil, Argentina e Paraguai fazem parte do Grupo de Lima, que reconhece o oposicionista Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela. O Uruguai, por sua vez, reconhece o de Maduro. Resta ver agora se a Argentina de Fernández e o Uruguai de Lacalle Pou vão mudar suas posições.</div>